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terça-feira, 27 de julho de 2010

E-MAIL ==================

               

                Oi! :-)





        Eae... Como vai?




Eu sto otimamente bm, + ou - constrangido. Rkonhço meu papel (higiênico) ridículo, mas vc precisava sr tão asséptica?... No fundo era preciso tr m usado msmo. A paixão há mto é lixo reciclável. Caso eu tvse um computador dses q resolvem problmas complxos encontraria uma solução + razoável pr'kela patética dzpdida. Não tria sofrido mto, nm t amado tanto, e ambos estaríamos satisfeitos. Vc sem piedade, eu sem sentimento d culpa, ninguém fdp. Porém isso, não é motivo p vc pensar q comprei um vídeo-game d última geração p sr meu próprio inimigo.


                                              Bjss.

DESBUNDE ================

- Prêmio Nobel de Arquitetura... A mulher é um monumento! - Teria cochichado alguém.
Fafi agora fazia questão de usar seu short minúsculo, que mal encobria seu rebolado avassalador.
Suas idas e vindas à academia provocavam verdadeiro furor no porteiro do prédio. Não havia este que não se admirasse daquela anatomia exuberante dentro do colant grudadíssimo.
Cavalheirescamente ele abria a porta do elevador e arriscava poetar meditabundo, cobrindo-a de furtivas olhadelas...
"Deus é justo
 Mas, o seu colant...!"
Qual prótese, o quê! Redundância sísmica!! Lan, o cartunista, não traçaria maior perfeição desta forma em coração.
Com que altivez Fafi desfilava pelo bairro, depois de assistir uma reportagem na televisão informando que mulheres com quadris avantajados viviam muito mais. Tudo por causa de uma tal gordura benéfica descoberta pela medicina, que se depositava naquelas nádegas maravilhosas.

terça-feira, 20 de julho de 2010

PARTICULAR ==============

Querem nos fazer crer que os astros
"Conspiram a nosso favor".
Aliás, se o fazem em tamanho segredo conluio
Enigmáticos no jornal arranjar a galáxia
Pra livrarem-me dum inferno astral.
Acaso portanto...
Se no zodíaco deposito minhas esperanças,
Que ação há nas estrelas paradas no céu?

Numa sustentação de hipotéticas crenças
Vaticinam modernas cassandras:
Gente bizarra feito nós
Vinda do espaço
Com receio de ser piegas,
Mal entendido.
Por temerem enfim estarmos sós,
Essas pitonisas  esquizofrênicas
Procuram sinais numa vã tentativa
De como 'salvar nossas almas'.

Desafortunados viajantes do universo
Vide, "non sum qualis eram..."
Nós aqui persistimos
Impecáveis, inequívocos,
Zeugmáticos.
Bem-aventurados graciosamente
E bem consigo solidários.
Quanto a mim... Ora sim, encucado (!?)
Pra onde se foi todo mundo?
Não creio vagarem perdidos
Na mesmice ocupados.

O JULGAMENTO DE PIEDADE =====

" - O nenê vai ficar uma graça neste babador azul. Olha isso... Que meigo esse pagãozinho! - Se a patroa soubesse os tormentos que iam-lhe por dentro. - Fé, moça!! Deus só dá o fardo a quem pode sustentar... - Aquela criança parecia ser a única alegria desses seus 18 anos. Nunca teve amparo, rumo certo e morava agora no quartinho da casa em que era doméstica. A infelicidade anda acompanhada, dizem. O seu menino lindo tinha o corpinho entrevado de nascença. Que cruz aquela para um ser tão mirradinho! Jamais perseguiria atrás de uma bola de futebol. Ou correr até ela pedindo um abraço, pois os braços não obedeciam ao desejo do corpo. Que fosse enjeitada nenhuma novidade havia, contudo o filho merecia melhor sorte... Veio a noite. Tanta mágoa converteu-se em pranto abafado pela chuva. Suas súplicas pediam algum perdão. Mas apenas colheu do peito opresso respostas mudas, senão o fragor íntimo da tempestade... Quando o sol surgia e os pardais trilavam nas antenas correu a janela e deixou que a manhã entrasse, cobrindo o guri de luz. Vacilou tendo-o no colo entre os seios, ante aquele pensamento aterrador. Viu-se naqueles olhos miúdos... Debruçou-se sobre o recém-nascido, sufocando o rosto dele contra o travesseirinho e apoiou sua cabeça, soluçava desamparada..."
De repente, Piedade despertou com a voz do juiz. O promotor acabara de relatar as minúcias dos fatos. Que poderia alegar em sua defesa? Insistiu o magistrado percebendo seu aspecto contemplativo. De fato, no que regressava disse com aquela inocência do amor materno:
- Tive pena do meu garoto. Que vivesse preso numa cama. Dizem que quando as crianças morrem, viram anjos. Quem sabe no céu, com asinhas ele possa voar solto sem precisão das pernas...

terça-feira, 13 de julho de 2010

PESAR ===================

Pois que tamanha distância
Em certa medida
Inicia logo aqui dentro
Num casulo próprio.

Ou ainda, nas cartas que te mandei
Silêncio extraviado,
Palavras que se esquivavam reticentes
Pra nada responder.

Eu, incerto remetente
Destinatário de mim mesmo
Mudei de abrigo
E esqueci definitivamente teu endereço.

Acabei com essa relação sem sentido
Quis me distanciar
Deste meu ímpeto de percorrer até a estrela prometida
Desse seu modo cínico de ostentar o pingente no colar.

DRIBLAR A VIDA ==========

Últimos minutos do segundo tempo da partida. Seu time perdia 0 X 1 no placar. A vida também andava péssima. Aluguel por vencer, brigara com a companheira, sem emprego. Maldizia a maré de constantes infortúnios. Herança de família, bem capaz!
"- Alça pra grande área, tira dali a zaga adversária na retranca... Instantes finais dramáticos, Torcedor!!" - O locutor carregava nas tintas. A chiadeira dele e do rádio era geral. Nem no futebol merecia sorrir. Aliás, supunha milhares feito ele. Em algum momento, como na marca do penalty. Coração contido, num único compasso. E não fora sempre assim...
"- Recupera Luís Pereira, solta pra Da Guia... Domina na meia-cancha, ajeitou a pelota. Liga com o ataque..."
Era torcer que na Segunda-feira houvesse alguma vaga disponível. Já não escolhia mais, qualquer colocação vinha de bom tamanho.
"- Carrega Pelé, pára, gira, protege... Tabela com Edu pela ponta. Recebe combate, sai pela linha lateral... O tempo passa meu, meu povo!"
A esposa naquela marcação cerrrada culpava-o ante a ameaça de ter os cacarecos jogados na calçada.
"- Insiste com Muller, passa por um... Enfia no alto pra Careca que mata no peito, amortece a gorducha no gramado. Levanta a cabeça, inverte a jogada..."
A que santo pedir? Nenhum dera-lhe ouvidos. Por certo fossem apenas estatuetas de gesso.
"Pode ser agora, esta é a hora..." - De repente, ele sentiu o cheiro no ar. Fez sua derradeira promessa.
- Eia, meu São Jorge!...
"- Se manda Wladimir, toca com Zenon que devolve de prima. O lateral faz o breque, viu Sócrates livre... O camisa 8 recebe, finta o zagueiro, bateu por cobertura... É Gol! Goooll!!" - Não conteve-se, esmurrou o ar naquele brado forte. "- Do Corinthians! E que golaço!! Tá na rede, Torcedor. Quando já eram passados 45 da etapa complementar. E agora goleiro vá buscar... No fundo do barbante. Explode a galera e as bandeiras estão tremulando no estádio..."
Do círculo central, braços erguidos o árbitro apita fim de jogo. Menos pior. Chutava a zica pra longe. Desta feita a sorte não foi tão má com ele.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

MUNDO A JATO HOMEM DE BICICLETA =====

                 Aquela estrela parece mais perto
                 O avião a jato
                 Recordes batidos
                 Deus mais próximo,
                 Menos recados.
                 Gente próspera
                 Nosso (E)stado é outro
                 Viva o mercado!
                 Nada será como antes,
                 Agora todos juntos...

                                                                          mais distantes!

MALÉVOLO ================

Por que sussurrava insistente ao ouvido aquilo que deveria executar? Ele bem saberia agir sozinho. Entretanto, viviam sempre juntos, o tal azucrinava-lhe:
"- Olha que dona tesuda!! Se ela te conhecesse melhor, talvez soubesse o quanto tuas mãos são carinhosas... Chega lá, conversa. Esta indiferença fingida é puro charme..." - A timidez dele fazia da proximidade qualquer coisa  intransponível. Sequer notavam sua presença. "- Estou dizendo, rapaz. Um mundo de fantasia emaranha-se naqueles cabelos. Acredite... Você será o estopim prestes a detonar a fúria sensual por baixo daquele vestido."
Durante a juventude o sujeito até parecia um cara bacana. Dialogavam horas seguidas trocando confidências. Apesar de toda paixão pelo sexo feminino, quase não tivera namoradas... Mais tarde revelou tamanha ira pelas mulheres. Puritanas de fachada, meretrizes na intimidade!
E isto punha-lhe em pânico. Inúmeras vezes caminhando na praça ou num clube, ele aparecia do nada. Pronto a tomar conta da situação. Então, o seguia oculto e Ele seguro de si enredava a presa.
Aquele estrebuchar da vítima excitava-o. Ao dominá-la lambia-lhe as lágrimas, tapava seus gritos com beijos. Enchendo-se de ternura ante a fragilidade dos seios sôfregos... Estranhamente os dedos crispavam tornando a carícia um gesto rude. Era o que todas mereciam! Sob o eclipse da penumbra seu espectro incutia o ódio sádico tendo terminado:
"- Essa jamais vai te querer de novo. Idiota!... Ela já tem dono. Você é apenas outro mais... As vadias se repetem tanto." - Daí sugeria malévolo. "- Mas, pode ficar com algo dela. Uma lembrança... O coração!"
Assim que acordou, percebeu haver acontecido. Debruçada na relva e o corpo nu exangue, o outro perverso trucidara a moça... Ou fora ele próprio, seguindo a voz da sua mentalidade.