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quarta-feira, 14 de setembro de 2011

SE ASSIM PARECESSE SER =====


Se a natureza seguisse o curso da vida...
As abelhas nos ensinariam
Que digno é fabricar o mel precioso,
Enquanto a rainha se farta na colméia.
A aranha como enredar a vítima inocente
Na sua trama maquiavélica.
O burro a sapiência
Pelos fardos que traz às costas,
Qual um Atlas resignado.

           Sabeis, o segredo da sobrevivência
           Está em tornar-se labutante formiga
           A ceder aos caprichos da cigarra vadia.
           Pois heróica é a existência dos bichos
           Lutando pra não morrerem famintos.
           Sejamos então como as gazelas,
           Bocado servil e necessário
           Às goelas dos insaciáveis leoninos.
           Se assim parecesse ser...
           O humano, esse rei dos animais
           Herdaria das parentas hienas
           O escárnio pela desgraça alheia.

Acaso as selvas fossem cidades...
Os homens devorariam uns aos outros,
Se acasalariam e viveriam satisfeitos.
Porém, e haverá ad hominem sempre
Uma ovelha negra desgarrada do rebanho
Porquanto bendita esta criatura que subverte
A mansidão do paraíso,
Aprendendo com a víbora sorrateira
Morder os calcanhares
Daqueles que lhe pisam.

LIXO DOMÉSTICO ==========

Outro dia na escola durante a aula de Ecologia, Marcinho aprendeu o que serve e o que não presta para ser reciclado na coleta seletiva do lixo. A professora explicava a importância de separar materiais como latas de molhos, caixas de leite, potes de geléia, pets de refrigerante a fim de que sejam transformados em novas embalagens, preservando assim o meio-ambiente...
- O que se joga no lixo? - Instiga a Professora.
- O que não presta.
- E o que é que não presta?
- Restos de comida, poeira do chão, papel higiênico usado... - Responde entusiasmada a classe.
Filho de pais divorciados, ele tenta entender as pessoas grandes. Percebeu que se não presta, separa. Tornou-se um náufrago nos braços dos dois... O pai não comparecera a reunião de pais e mestres, tampouco deixou dinheiro para a mensalidade escolar, a mãe comenta:
- Teu pai não presta mesmo!...
"Ih...! Pra recolher o pai só o caminhão do lixo." - Pensa o maroto astucioso.
Enquanto ajudava nas tarefas da casa, Marcinho quebrou um copo, a mãe irritada ralha:
- Esse menino! Não presta pra nada também. Vive dando prejuízo.
Ele ouvindo tanto dizer que o que não presta joga-se fora, fica assustado esperando sua hora. 


domingo, 4 de setembro de 2011

POSSESSIVO DIALÉTICO =====


                              Se te chamo minha
                              é porque a ti
                              pertenço.

                              São apenas
                              concessões provisórias,
                              sem propriedade.

                              A quem posso
                              possuir
                              se nada
                              tenho.

INOCÊNCIA FEMINIL ========

18 anos, talvez menos. Omitia a idade. A moça já era um furor. Entretanto, tudo nela transparecia inocência feminil.
Odiava-se pela educação rígida que tivera do pai. Como um fantasma a lhe assombrar, mas não o suficiente para amedrontá-la. A impor tantas proibições cruéis aos seus latentes desejos... Por isso nos primeiros encontros às escondidas, só deixava que namorados lhe acariciassem os peitos e gozassem entre suas coxas. O que só fazia aumentar seu tesão juvenil. Depois tomou coragem e permitiu que lhe penetrassem mas somente no cú, temendo perder a virgindade.
Tinha um fraco por dentistas e farmacêuticos. Os primeiros por serem garantia de um álibi perfeito e com os segundos conseguia as mais loucas "viagens".
Se a mãe soubesse de suas façanhas sexuais e como tirava prazer daquele corpo púbere, duvido que não morresse de inveja.