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sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

TRÁGICO FRACASSO ========


Veja o que faz de mim...
Triste
Abjeto
Culpado
Mórbido
Rancoroso
Ridículo
Sinistro
Fútil
Moribundo
Vivente do próprio inferno
Degredado do paraíso que te fiz.



CHIFRE NA PRÓPRIA CARNE =====



A consciência dele pesava tanto que resolveu desabafar:
- Minha mulher me traiu... Sou corno! Galhudo!! - Com isso aliviava a dor pungente.
- Com outro? - Perguntei. Ao que assentiu com pesar a cabeça. - ...Menos pior. - Manteve-se cabisbaixo, talvez temesse as repetidas vezes, "onde passa boi, passa boiada..."
Ele que ostentava pose de machão, agora choraminga ferido. Pois se considerava uma espécie de "macho-alfa", porém mansamente dominado pela fêmea-alfa de quem se tornara um bezerrinho.
Tamanha preocupação era inútil. O boi-alfa também é corno, não está nem aí e morre de amores pela vaca... E sequer está em extinção, ou inexiste como o Unicórnio.
- Isso acontece... Agora pode dormir folgado na cama. - Tentei remediar sem muita habilidade no assunto. Com quais palavras consolar sem parecer dizer, "não pense tanto porque você pode ficar careca de saber."
Confissões assim são duma constrangedora intimidade. Não que eu só seja solidário nas mórbidas tragédias cotidianas! Nem sou do tipo que vê na tragédia dos outros a nossa consolação. Tanto mais tratando-se dele, já havia adulterado o sétimo mandamento não sei quantas vezes. Nunca sentira o chifre na própria carne... Claro, guardei discreto segredo.