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terça-feira, 6 de outubro de 2015

O AMOR VENCEU... ========

Quem disse que o amor se deteriora ante as dificuldades cotidianas. Não para aquele casal de desvalidos. Apaixonados sob um pórtico neoclássico em ruínas, então contrariavam muitos litígios matrimoniais.
Alimentando seus modestos sonhos de vida doméstica. Viver para ser sua imperdível jóia rara. Que o sol e sal não fossem somente a paga do seu salário.
- Je vie de bec, mon amour. Ironizava tendo aprendido dum programa humorístico da televisão.
Se davam ao luxo de contemplar uma noite de lua. Acreditando que os astros responsáveis por os unirem (ele pisciano, ela de Aquário) mudassem aquela sorte monetária.
Juntos, protegidos da chuva que lava caudalosamente as imundícies da sarjeta. Revolver o lixo à cata das sobras deliciosas. Um final feliz de novela pela tv da padaria da esquina. Ou o fundo musical num alto-falante do carro de propaganda gritando em pleno calçadão, no dia dos namorados:
" Baby, sem você não dá!" - Trilha sonora acidental daquele idílio público. Cenário dum beijo inesquecível  com sabor do seu anterior gole de pinga, embebido no gosto acre da perdida escovação dentária dela.
Pouco importa se as flores são achadas também murchas, num agrado que faz, sendo o amor quieto e suarento debaixo do abrigo de papelão ao rés da fachada duma agência bancária.
E se lhes consomem as dúvidas. Caso não a quisesse feito um prato de comida. Entendesse que não fosse o homem da casa, nem tenha conquistado o mundo... Era crer o amor venceria tudo.
Convicto da razão que só o coração conhece. Bem contrário a si é mesmo o amor.