tag:blogger.com,1999:blog-58708664011208504642024-03-28T18:29:51.434-07:00URBAIN G. em PROSA e VERSOURBAIN G.http://www.blogger.com/profile/09011536695424996883noreply@blogger.comBlogger211125tag:blogger.com,1999:blog-5870866401120850464.post-17907956856896190382024-01-07T15:03:00.000-08:002024-01-08T20:40:37.690-08:00O 'HOMEM DE DEZ MIL ANOS' # 4 <div style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><span style="color: red; font-size: x-large;"><b>E</b></span> foi que o 'Homem de Dez Mil Anos', nessas suas andanças, chegou num caminho que se bifurcava... Logo atrás um séquito o seguia. Detiveram-se à espera que ele lhes indicasse uma direção.</span></div><div style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRZUebxB2RXH_Rjt8nTAdWSGb90NV5BZLab3eJBhHUtce-IHQDIi3dbs3Dyi0od9FKz2kIkB0QnuMG6W6AjcQJ5uoEbyxgtOmYBBO-Fa1GXd-SNqZAcePz-HjImDiRYHlcTkJJdsgCUpRDDdopYYz58MDveu39YviT6lynaDNRaGnOf86xWSIvuCqqrFvl/s480/blog%20homem%20de%20dez%20mil%20anos%20caminhos.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="360" data-original-width="480" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRZUebxB2RXH_Rjt8nTAdWSGb90NV5BZLab3eJBhHUtce-IHQDIi3dbs3Dyi0od9FKz2kIkB0QnuMG6W6AjcQJ5uoEbyxgtOmYBBO-Fa1GXd-SNqZAcePz-HjImDiRYHlcTkJJdsgCUpRDDdopYYz58MDveu39YviT6lynaDNRaGnOf86xWSIvuCqqrFvl/s320/blog%20homem%20de%20dez%20mil%20anos%20caminhos.jpg" width="320" /></a></div><span style="font-family: courier;"><div style="text-align: justify;">- É chegado o momento de vocês escolherem... O caminho não é uma linha reta, porventura fosse, adviriam outras circunstâncias seja na margem ou no percurso. - Por alguns instantes pareceram desorientados.</div></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">- Põe-te a andar simplesmente pela liberdade da razão. Sem objetivos, mas numa direção definida. Para fora de ti mesmo. Junto de si... Perder-se deste eu que se perdeu. Querer estar fora de si. Vir ao mundo interior. - Uma balbúrdia de vozes confusas questionava.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">- Fora das cidades, além do bem e do mal, trilhando sua jornada. Pronto para voar. O horizonte límpido nos olhos... A uma certa distância enxerga-se melhor. Caminhar terras cujos limites ninguém ainda mediu, inexploradas estão ainda as veredas do homem. - Do qual o semi-deus sentia-se muito íntimo pelas aflições.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">- Não raramente fugimos daquilo que os seres humanos em geral fogem. Todavia, buscando o que eles vulgarmente anseiam. Uma coisa é fugir... Outra é procurar.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Diante dos olhos as incertezas do destino.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">- Filhos da dor... Mal se dão conta de quanto a dor acompanha nossas vidas. Seja no nascimento, na perda, na falta... Na morte. Na solidão, neste prosseguir... Veja, a solidão humana interior pode ser um labirinto ou uma jazida de ouro. Assim mudando de rumo dou continuidade a tragédia... Conhece a ti mesmo, é o que propõe o caminho.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Sequer precisava estar com eles para guiá-los. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">- Tudo o que almejo é pertencer a mim mesmo... Não é de cadáveres que necessito como companheiros de viagem. Nem peço que me sigam, senão pela vontade de seguirem a si próprios. E digo mais, desgarra-te do rebanho chamado sociedade. Rejeita estar oculto na falsa segurança do teu meio... Não sou como o pastor que teima em apascentar vossos apetites longe dos perigos. Pois nem sempre a verdade é feita de belas palavras. Como não é verdejante o pasto que oferece o mundo...</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Enquanto os demais se decidiam, o 'Homem de Dez Mil Anos' desapareceu adiante no caminho. </span></div><div style="text-align: justify;"><br /></div>URBAIN G.http://www.blogger.com/profile/09011536695424996883noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5870866401120850464.post-18728295729199000652023-12-24T09:36:00.000-08:002023-12-24T09:51:38.207-08:00FELIZ NATAL PRA TODOS ===== <div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><b><span style="color: red; font-size: x-large;">F</span></b>austo Bonavides era um sujeito exemplar. Decente como se costuma dizer. Ia à missa no domingo, abnegado comerciante, julgava-se "homem de bem". Um cidadão sem máculas aparentes. Desse modo conseguiu construir sua fortuna particular, que em ocasiões como esta o deixava cheio de ocupações com as compras. Afinal não poderia esquecer, de forma alguma, os presentes natalinos da família. Uma lembrancinha que fosse!... Até mesmo o cachorro merecia atenção especial. Este ano mais do que nunca. O animal impedira que um gatuno invadisse o quintal da mansão, já vilipendiada pelos impostos e taxas. Fizera jus ao ditado tão popular de que o cão continuava sendo o fiel amigo do homem. Além, é claro, de uma magnífica coleira de prata com nome gravado.</span></div><div style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhe3ksV_x1pKS4M5qvEreZTZuB7BiT3rzoJ_mTebPYf6jP6R0BRgyHduXjVBt9rmCM6US_huLWEukE-gyO8DmUJG3f_cZOYCt7fRE8tgZj4Aywnb9-0tDZjlOWNaBO5IJd6CDVHx5zZrKfm5_O-NVi6dcVtTfYC2mHCO-T1fvquXs9ZaFhW4JswJClAM8py/s795/blog%20conto%20de%20natal%20fausto%20bonavides.jpg" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><span style="font-family: arial;"><img border="0" data-original-height="795" data-original-width="373" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhe3ksV_x1pKS4M5qvEreZTZuB7BiT3rzoJ_mTebPYf6jP6R0BRgyHduXjVBt9rmCM6US_huLWEukE-gyO8DmUJG3f_cZOYCt7fRE8tgZj4Aywnb9-0tDZjlOWNaBO5IJd6CDVHx5zZrKfm5_O-NVi6dcVtTfYC2mHCO-T1fvquXs9ZaFhW4JswJClAM8py/w188-h400/blog%20conto%20de%20natal%20fausto%20bonavides.jpg" width="188" /></span></a></div><span style="font-family: arial;">Havia também outros agrados à esposa, tão leal quanto o cachorro. Semelhança esta por vezes perturbadora. No comportamento dela ao receber seus afagos, na maneira que se portava ao vê-lo chegar. Ainda para os filhos, já nem tão fiéis quão a mulher e o bicho.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">"Ora, que se podia fazer? Não consigo odiar aqueles desalmados... Quanto mais no Natal!" - Pensou consigo, enquanto verificava o volume de pacotes. Não esquecera ninguém...</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Pelos corredores do shopping lá ia ele. Como se a humanidade houvesse dado uma trégua nas mazelas do cotidiano. Sobretudo, naqueles dias... Logo mais iria à igreja ouvir o sermão da missa de Natal e o padre confirmaria este seu sentimento...</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">"Cristo veio ao mundo trazer boas-novas. Nos ensinar a compaixão, caridade... Palavras do Senhor!" - Aquelas severas admoestações. - "Não acumules para si outros tesouros aqui na terra. Onde a ferrugem corrói e os ladrões roubam! Não ponha sua esperança na riqueza incerta, mas naquele que lhe dá o usufruto..." - Quanta razão havia em suas parábolas... Mas também, difícil de praticar. Mantinha a certeza de que dera o melhor de si. Só depois de saciado o espírito voltaria para casa. Onde todos unidos ceariam festivamente o gordo e suculento peru preparado pela esposa. Pedaços, molhos, bocados digeridos. Embora preferisse não pensar na fome naquele momento, nada de beliscar. No Natal fazia questão de sentar-se à mesa farta.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Enfim era isso. Esta a época para projetar dias melhores. Ele mesmo teve um árduo começo. Quantos natais se passaram até receber seu primeiro presente? E não se pense que ganhou um carrinho. Foi uma gravata! Portanto, muito tempo depois. De lá para cá as bem-aventuranças sucederam-se. A ponto dele atrapalhar a turba nos corredores carregado de presentes. Bem como aumentar sua coleção de gravatas... Aliás, não havia modo de ser pego pela melancolia que alguns insistem em atribuir e que lhes ocorre próximo ao final de mais um ano. Por todos os lados são canções, luzes cintilantes, enfeites coloridos, pessoas entusiasmadas. Há tanta alegria nos lábios que é impossível não crer que a felicidade de fato exista.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">"Basta olhar no rosto de cada um. Pode-se não querer sentir a felicidade, enjeitá-la. Mas, que ela existe... Disso não tenho dúvidas!" - Entre descontos e outras promoções, o saldo do contentamento.</span></div><div style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgpHjEz2a4WrwWv4HP8Z_JpamJNygWuzRrd7Hk9iYyfmIkkdXHIY-pv-MW6NjHrdof9Ve_YtGhejvkQR8qTzFt4LN0eo0IdlaIj6fTP_-NrLzZXDFTT4NQ8Aveqy6xEwyNSdP3J9vZaNwTObAHEkVkSVS8dV5uAG_gdx4pUlSJvLIHsO4Sf17KAChoR-P0/s1162/blog%20conto%20de%20natal%20pres%C3%A9pio.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="668" data-original-width="1162" height="230" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgpHjEz2a4WrwWv4HP8Z_JpamJNygWuzRrd7Hk9iYyfmIkkdXHIY-pv-MW6NjHrdof9Ve_YtGhejvkQR8qTzFt4LN0eo0IdlaIj6fTP_-NrLzZXDFTT4NQ8Aveqy6xEwyNSdP3J9vZaNwTObAHEkVkSVS8dV5uAG_gdx4pUlSJvLIHsO4Sf17KAChoR-P0/w400-h230/blog%20conto%20de%20natal%20pres%C3%A9pio.jpg" width="400" /></a></div><span style="font-family: arial;">- Não é sublime a imagem do menino na manjedoura? Por que será, Deus escolheu fazer nascer seu filho entre os animais? Sem luxo algum... - Disse uma velhinha com ar apiedado, abraçada num maço de lírios campestres. Reparando que Fausto admirava-se em olhar o presépio na vitrine.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">- É... Mistério! - Tentativa vã explicar a evidência. - E assim sendo... Nasceu com tão pouco para dar tanto, e nada receber. - Repetiu a comum constatação. Então seguiu de novo equilibrando o monte de caixas. Dali a pouco encontraria a família e juntos desejariam um feliz Natal pra todos. Mais que depressa seria aliviado do peso de tantos embrulhos... Que desse crédito ao genro neste dia. Relevar se a nora implicasse movida pela eterna mesquinhez. Perdoar as dívidas pelos empréstimos. Havia oferta mais preciosa que o tesouro dos nossos corações? Nada estragaria a véspera à espera do Natal. Tão noite feliz. Só de pensar naquele momento sentiu os olhos umidecerem. Seu sacrifício em manter a família reunida compensado...</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Do lado de fora no estacionamento parecia mais tranquilo. Ouvia-se apenas uma cantiga natalina vinda do shopping, e ele se preparava para ligar o carro. Junto à janela surgiu um menino. Sujo, os pés descalços. Assustou-se com aquela aparição. Deu com a chave na partida, o motor engasgou... A vida nunca seria exatamente o paraíso! Todos tinham problemas, as pessoas cresciam desordenadas. Fausto estancara atônito. Aqueles olhos compadecidos do garoto em cima dele e o seu profundo silêncio, a dizer mais que mil palavras foram suficientes para lhe constranger a alma...</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">- Vai pra casa, rapaz... Já é tarde. - Todavia, o moleque permaneceu parado como se não entendesse seu conselho. Desconfiou que o menino estava era atrás de alguns trocados. Por uns instantes êxitou reparando no pivete ali... Imóvel e calado.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">"Na certa, é uma esmola que ele quer... Vou dar. Parece tão faminto o infeliz!" - Jesus também dissera aquilo que inspiraria o monsenhor.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">"- Vosso ouro e prata estão enferrujadas e a corrosão deles vai servir de testemunho contra vós e devorar vossas carnes, como fogo!... Amai-vos uns aos outros..." - Decidido sacou do bolso uma moeda, que o pirralho agarrou num salto.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">- Pegue... Mas não vá gastar com besteira!</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Lentamente desviou o carro seguindo para a alameda. Agora se sentia reconfortado. Adiante uma grande árvore enfeitada reluzia... Maior fortuna teria ele, pois era o herdeiro legítimo do reino dos céus.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"> Natal, 1997.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><br /></span></div>URBAIN G.http://www.blogger.com/profile/09011536695424996883noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5870866401120850464.post-22231621378773875342023-05-02T22:52:00.003-07:002023-05-03T09:30:45.621-07:00EPÍLOGO MAÇOM =========== <div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><span style="color: red; font-size: x-large;">O</span>s raios de sol espargiam envolvendo o quarto por entre a névoa olorosa de mirra e kuphi... Contidos soluços reverberavam no ambiente. Eram as lágrimas de prata da viúva lamentosa, seus arrimos desorientados à sua cabeceira, enquanto ele de olhos arrebatados no inefável inutilmente aguardava socorro.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Nos arredores da clínica ouviu-se o canto longínquo de um galo. O dia encimava na abóbada aclarando sua consciência.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">"Deus, meu bem e direito..." - Mais em sua mente que nos lábios repercutia o dístico de um emblema da magna ordem que lhe cimentara a trajetória.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Sabia estar conectado a uma série de aparelhos. Eletrodos ligados ao peito desnudo do lado esquerdo, monitorando seu coração.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O soro gotejava um orvalho pálido... Estranhou que não movimentasse as pernas, apenas o pensamento gravitando no coma. Privado delas como poderia transitar por si mesmo com liberdade? De que valeria inválido, sem poder marchar para transpor o pórtico glorioso do progresso?</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">"Que valor tem um corpo incompleto, sem os pés?... As passadas incertas." - Ouviu rumores dos que saíam, seguido do arrastar de solas de sapatos. Por qual razão fechavam a porta? Colocaram-no a sós no quarto com suas reflexões. Numa árdua jornada nas profundezas de si mesmo. Deixaram-no batendo à porta da consciência pancadas desordenadas de desespero...</span></div><div style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjK0GnMFp3RzCOWSUSJhfPUEQ1dxqprrbAgi4BO5-LUAoY6QqSRYjyMSLhZYthQz6WGITRbbeMIpDQ5PLlJbduxvlXOLWeadnak2bAfFnUPZtJJWAVQGUkqaXNOKd8BXbBsNpjEdfmNmF6emFttO6p9ujFrxCv7j3cMyAIJ_saU-wP07ZpK7wXRU3t9tw/s471/blog%20ep%C3%ADlogo%20ma%C3%A7om%20inferno%20dante%20canto%2028%20Gustave%20Dor%C3%A8.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="471" data-original-width="448" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjK0GnMFp3RzCOWSUSJhfPUEQ1dxqprrbAgi4BO5-LUAoY6QqSRYjyMSLhZYthQz6WGITRbbeMIpDQ5PLlJbduxvlXOLWeadnak2bAfFnUPZtJJWAVQGUkqaXNOKd8BXbBsNpjEdfmNmF6emFttO6p9ujFrxCv7j3cMyAIJ_saU-wP07ZpK7wXRU3t9tw/s320/blog%20ep%C3%ADlogo%20ma%C3%A7om%20inferno%20dante%20canto%2028%20Gustave%20Dor%C3%A8.jpg" width="304" /></a></div><span style="font-family: verdana;">Embora Deus pertencesse a todos tinha seus escolhidos. E da pedra bruta ele se fez. Tosca matéria polida. Peleja da vontade sobre o desejo, pois a semente germina da terra por seu próprio esforço para renascer. Ainda que fosse semeada em solo estéril fincou raiz na rocha e deu frutos.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">- Só não é escravo, quem é Senhor! - Para isso teria que estar acima, exercendo o poder. Semelhantes máximas abalavam as fraternidades. Jamais se prostrou a quem quer que fosse. Venerável Senhor do esquadro, compasso e prumo construiu dadivosa fortuna. Invejável cidadão fez correr seu prestígio em redor.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">- O querer para si não é o querer para outros... - Sentenciava aos irmãos. Prevaleceu sobre servos e capatazes para se tornar obreiro da verdade... Haverá de almejar a pureza aquilo que é impuro?</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Contra seus adversários empunhou o bastão e a espada. A mesma que teve apoiada em seu coração temerário, aguilhão da própria consciência. Foi terrível para os opositores submetendo-os debaixo dos pés. Fez pairar sobre suas cabeças o anátema dos seus propósitos. Imponente como um leão na selva citadina, girando a engrenagem perversa da sociedade.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Assim foi legislador absoluto. Dispensando júbilos ou trevas a si próprio, considerando-se o decretador de suas recompensas e castigos. Seguiu na seara contrária do mundo virado às avessas, edificando templos aos vícios e cavou neles orgulho e ostentação. Emporcalhadas tinha as mãos por terríveis decretos.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Sobremaneira era capaz de vis convencimentos e persuasão. Descobriu que lutar pela boa ou má causa segura era a vitória, desde que desfechasse o derradeiro golpe e neutralizasse o revide. Acobertava seus crimes contra ilustres com razões políticas e passionais. Conforme os deveres para consigo, segundo os excelsos ensinamentos. Sim, sob o golpe aprovador do malhete dos Arquitetos de Hiram, enquanto lhes convinha e alegravam-se. Pois, nenhum báculo opôs entre as serpentes para apaziguá-las de suas contendas. Rompendo o elo da união do tríplice abraço.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Artífice de leviana caridade nas colunas sociais permitiu-se macular pelas nódoas da vaidade tola. Pendeu-se-lhe o vértice da estrela flamígera na alfaia. Fizeram-no ver o cálice transbordante na mensura do mal. Abateu-se sobre ele os tempos catastróficos do mundo profano. Escarneceram os inlutos do destruidor. Tornou-se da ensinança o próprio símbolo...</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">"Por que me tiram a venda dos olhos?..." - Desvaneceu-se as aparências. Por baixo da pele do rosto vicejava sua caveira descarnada. O espírito onde hospedara-se a doença. Certeza do seu epílogo não muito além. Resto do que é ser uma criatura humana, o esqueleto de cujo corpo a alma inquilina anseia exalar o derradeiro suspiro.</span></div><div style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRiScXwp3DWv2THPABkwaGZ9YPjb5TQS4lOf-nBeQDoRw-BrxF22Dlw0ZJDK-9GRBE7B4HqEOiUYubn2vFN6V8TWu8nWIY6s7HPa3QXPpvrsPlHVGcvpG-AxosIw1MSREBenmqQZ5OSIRakaaY2hnQnvvQChWHiRCr7ld6QfEpPD0AdqWza_OmqPdwZQ/s847/blog%20ep%C3%ADlogo%20ma%C3%A7om.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="659" data-original-width="847" height="311" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRiScXwp3DWv2THPABkwaGZ9YPjb5TQS4lOf-nBeQDoRw-BrxF22Dlw0ZJDK-9GRBE7B4HqEOiUYubn2vFN6V8TWu8nWIY6s7HPa3QXPpvrsPlHVGcvpG-AxosIw1MSREBenmqQZ5OSIRakaaY2hnQnvvQChWHiRCr7ld6QfEpPD0AdqWza_OmqPdwZQ/w400-h311/blog%20ep%C3%ADlogo%20ma%C3%A7om.jpg" width="400" /></a></div><span style="font-family: verdana;">Agora que sua mente tudo testificara, a ampulheta extravasa os últimos grãos. Rompeu-se a fronteira do recinto que lhe acolhia dos perdidos. Que façam a abóboda de aço com as espadas antes de cerrar-se o tampo da esquife. Redimido estava do infortúnio. Não do caruncho do esquecimento, merecido salário.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O opúsculo traz o fétido perfume do definhar da florescência moral. Talvez lhe presenteiem com ramos de acácia... Este dia perdeu-se para ele.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">"O berço e a sepultura são, pois, teus limites... Faz o teu testamento e despede-te do mundo dos vivos!" - Parecia uma voz segredar-lhe aos ouvidos a sentença funérea.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Entretanto, tudo isso morre em sagrado sigilo consigo. Donde escapam palavras...</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">- Gememos! Gememos... Gememos!</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"> Maio/2006...</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div>URBAIN G.http://www.blogger.com/profile/09011536695424996883noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5870866401120850464.post-63231472600322000492022-08-18T13:09:00.003-07:002024-01-06T10:41:47.715-08:00O 'HOMEM DE DEZ MIL ANOS' # 3<div style="text-align: center;"><span style="font-family: helvetica;"><span><div class="separator" style="clear: both; color: red; font-size: xx-large; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjhk1eouGXzeeQvAffqBH_te31j4zjbq-ebtfOn90cCSusTZLDdllgwaY_nrDgSokhXuiesEI6s6RLVvLnNB1pR7RONvW7YVsjShlO68m1CisDlRkAhX2iw1jsMSWAwRNg1gyQ3lTdkirTpaiWtWRR9LFKVzn1Bo95rYl1V09fWapcWhFKzKdzja2iqpQ/s704/blog%20homem%20de%20dez%20mil%20anos%20uvas.jpg" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="704" data-original-width="591" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjhk1eouGXzeeQvAffqBH_te31j4zjbq-ebtfOn90cCSusTZLDdllgwaY_nrDgSokhXuiesEI6s6RLVvLnNB1pR7RONvW7YVsjShlO68m1CisDlRkAhX2iw1jsMSWAwRNg1gyQ3lTdkirTpaiWtWRR9LFKVzn1Bo95rYl1V09fWapcWhFKzKdzja2iqpQ/s320/blog%20homem%20de%20dez%20mil%20anos%20uvas.jpg" width="269" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: red; font-size: x-large;"><b>P</b></span>assava o 'Homem de Dez Mil Anos' ao largo de um vinhedo. A terra fértil a reafirmar a permanência humana na certeza do seu ideário.</div></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica;">"Pode o homem temer o inverno por suas dificuldades. Mas virá a primavera, renovação da vida e no plantio da luz do verão que se germina a esperança do renascimento outonal."</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica;">Atraído pelo aroma e a visão exuberante das videiras sentiu desejo de comer algumas uvas.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica;">Pendurada numa cerca de arame farpado havia uma placa que indicava acesso restrito: "Propriedade Particular"... Mais adiante deparou com um senhor que vendia cachos maduros a um preço exorbitante.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica;">- Como queres que eu coma dessas uvas, se cobras tão caro?</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica;">- Se queres comer, entra. Trabalha e darei justo quinhão para teu regalo.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica;">- E somente assim?...</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica;">- Para que o vinhedo chegasse a produzir, investi dinheiro que tomei ao banco. Contratei pessoas que lavraram a terra... Queres de graça?</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica;">- Oh, sim... Comércio. Uma tapeação mútua entre banqueiros, mercadores, agricultores, no salve-se quem puder.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica;">- São as regras...</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica;">- Reputas a tua inteligência, aquilo que faz parte da tua insensatez.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica;">- É o preço da vida.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica;">- Toda essa orquestração econômica visa apenas auxiliar a classe rica nos seus apuros financeiros.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica;">- Se quiser as uvas é só pagar.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica;">- Dizes ser justo, e toma por teu o que pertence a todos. Usas da natureza, de onde tira riquezas, como propriedade privada. Contudo, para aqueles que tem fome não os pode saciar.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica;">- Mas se foi dada a mim, pertence-me!</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica;">- Por quais distinções a natureza deu título de posse aquele, e não a outro indivíduo?</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica;">- Está sem dinheiro?... Então pare com essa amolação.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica;">- Nem tudo silencia como a videira que vives a podar. Deixe... Mas não é por desdém, acaso estivessem verdes. Não farei como a raposa que tendo fugido extraviou-se de volta para a jaula ao abocanhar o engodo. E nós sabemos como é difícil escapar.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica;">Nisso tomou outro rumo e tendo se distraído o comerciante, o 'Homem de Dez Mil Anos' trepou num mourão de cerca, daí colheu alguns cachos que pendiam fora dela.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica;">- A rama poderia estar dentro, entretanto o cacho está fora... - Murmurou entredentes, enquanto a fruta sumarenta rompia-se em sua boca.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica;"> </span></div>URBAIN G.http://www.blogger.com/profile/09011536695424996883noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5870866401120850464.post-80401352462275333902021-10-04T05:48:00.000-07:002021-10-04T05:48:24.712-07:00EM TUDO GRAVIDADE =======<div style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-m9DNuhXByPI/YVrzfXlj8yI/AAAAAAAAUQM/hHRDm_GgodorCYHH79yolZKLyfZDsQmqACLcBGAsYHQ/s404/blog%2Bem%2Btudo%2Bgravidade.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="404" data-original-width="366" height="320" src="https://1.bp.blogspot.com/-m9DNuhXByPI/YVrzfXlj8yI/AAAAAAAAUQM/hHRDm_GgodorCYHH79yolZKLyfZDsQmqACLcBGAsYHQ/w290-h320/blog%2Bem%2Btudo%2Bgravidade.jpg" width="290" /></a></div><div style="text-align: center;"><br /></div><div style="text-align: center;"><span style="color: #800180; font-family: helvetica;"><b>Conhecíamos nossas diferenças</b></span></div><div style="text-align: center;"><span style="color: #800180; font-family: helvetica;"><b>Mas uma atração irresistível</b></span></div><div style="text-align: center;"><span style="color: #800180; font-family: helvetica;"><b>Nossos corpos ardentes no espaço</b></span></div><div style="text-align: center;"><span style="color: #800180; font-family: helvetica;"><b>Nos fez contar com a sorte</b></span></div><div style="text-align: center;"><span style="color: #800180; font-family: helvetica;"><b>Que revelam os astros.</b></span></div><div style="text-align: center;"><span style="color: #800180; font-family: helvetica;"><b>Verdades insustentáveis</b></span></div><div style="text-align: center;"><span style="color: #800180; font-family: helvetica;"><b>A taça que cai ao chão</b></span></div><div style="text-align: center;"><span style="color: #800180; font-family: helvetica;"><b>Meu coração despedaçado</b></span></div><div style="text-align: center;"><span style="color: #800180; font-family: helvetica;"><b>O tropeço no caminho</b></span></div><div style="text-align: center;"><span style="color: #800180; font-family: helvetica;"><b>Um mal passo neste amor</b></span></div><div style="text-align: center;"><span style="color: #800180; font-family: helvetica;"><b>Andar à beira do buraco</b></span></div><div style="text-align: center;"><span style="color: #800180; font-family: helvetica;"><b>Sem horizonte singular</b></span></div><div style="text-align: center;"><span style="color: #800180; font-family: helvetica;"><b>Acabou-se o mundo.</b></span></div><div style="text-align: center;"><br /></div></div>URBAIN G.http://www.blogger.com/profile/09011536695424996883noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5870866401120850464.post-89445275716052686192021-04-18T17:52:00.002-07:002021-04-18T18:08:46.276-07:00O 'HOMEM DE DEZ MIL ANOS' # 2 <div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span style="color: red; font-size: x-large;"><b>C</b></span>erta ocasião o 'Homem de Dez Mil Anos' aportou numa pequena cidade. Nesse dia disputava-se um clássico de futebol entre a agremiação local e o time da cidade vizinha. Para o campo acorriam centenas de torcedores com suas bandeiras, instrumentos de algazarra pra sustentar o coro da arquibancada.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Chegando ao estádio sentou num espaço que separava as duas torcidas rivais, onde se xingavam mutuamente antes do jogo começar. Ao adentrarem o gramado os times foram recebidos pelo fumacê nas cores dos clubes, muitos gritos de guerra e espocar de rojões. Depois do "cara ou coroa", o árbitro deu início à partida...</span></div><div style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-9n_h_8ErvKA/YHx3mGgm3OI/AAAAAAAATkw/XIJRrE_YX_IGcktth8X0Pt0dm9bpNPUtgCLcBGAsYHQ/s900/homem%2Bde%2Bdez%2Bmil%2Banos%2Bfutebol%2Bblog.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="675" data-original-width="900" height="300" src="https://1.bp.blogspot.com/-9n_h_8ErvKA/YHx3mGgm3OI/AAAAAAAATkw/XIJRrE_YX_IGcktth8X0Pt0dm9bpNPUtgCLcBGAsYHQ/w400-h300/homem%2Bde%2Bdez%2Bmil%2Banos%2Bfutebol%2Bblog.jpg" width="400" /></a></div><span style="font-family: arial;">Corre pra lá, corre pra cá. Algumas botinadas, mais ofensivo o esquema tático do rival encaixou... Aos quinze minutos do primeiro-tempo o escrete visitante abriu o placar. A torcida adversária foi à loucura. Empolgado com o golaço que fizera o craque meia-esquerda, ao driblar o zagueiro daí chutar pro fundo da rede, o 'Homem de Dez Mil Anos' sacudiu pra valer na arquibancada... Nisso o adversário armou a retranca passando a se defender, à espera do contra-ataque. Obrigando seu goleiro fazer grandes defesas.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">No intervalo, os jogadores ameaçaram sair aos tapas. Aqueles torcedores que não foram mijar, tiravam sarro uns dos outros, cantorias, provocações diversas. Embora tenso, aquilo estava aquém das manifestações que vira entre os chineses, 2.500 anos antes de Cristo, quando os soldados se divertiam num jogo animado chutando o crânio de seus inimigos decapitados. Ou como assistira épocas atrás durante jornada à Civilização Maia, em que dividiam dois coletivos, os quais deveriam acertar com uma bola a meta na forma de aro. Sendo esta disputa tão ferrenha, que o líder do time perdedor era punido com a morte... Então recuperadas nos vestiários, as equipes retornaram e deu-se continuidade à peleja...</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">O clube anfitrião voltou melhor pro segundo-tempo. Uma torcedora nervosa roía as unhas, tanto quanto berrava o nome do ídolo querido. Os dois técnicos à beira do gramado davam orientações táticas gesticulando, além de perturbar o Bandeirinha quando das marcações. Logo aos cinco minutos uma bola na trave adversária acendeu a equipe da casa. E após muita pressão junto à grande área, perto dos vinte e três da etapa complementar, batendo falta precisa na forquilha (lá onde a coruja dorme), o Lateral-direito empatou o dérbi interiorano. Tomado pela emoção o andarilho milenar vibrou com o gol. Tanto tempo sem ir ao estádio, ele esquecera quanto surpreendente poderia ser uma partida de futebol... Alguns torcedores, de ambos os lados, estranharam tal atitude infiel. O camarada devia estar maluco! Que camisa veste, qual time torce?</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Alguns impedimentos, o "Uh!" de frustração dos torcedores pelo quase gol, lances perdidos pra virar a partida, chutes pela linha de fundo... E o jogo terminou empatado. Radiante o 'Homem de Dez Mil Anos' comemorava. Um torcedor não se conteve, exigiu explicações. Aquilo era "virar casaca" demais, sendo que ninguém ganhara.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">- Como não! - Respondeu ele. - Fico feliz porque não havendo vencedor, nem vencido podemos todos festejar duplamente.</span></div><div style="text-align: justify;"><br /></div>URBAIN G.http://www.blogger.com/profile/09011536695424996883noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5870866401120850464.post-33142430583619959102021-04-18T17:33:00.002-07:002021-04-18T20:02:43.205-07:00HORROR NA PEQUENA VILA =====<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><span style="color: red; font-size: x-large;"><b>D</b></span>esde as primeiras horas da manhã, um vento incessante que esquiva invisível entre os prédios adentrava a pequena vila residencial, varrendo as calçadas sem sapatos, o calçamento de pedras das ruas. Agitava-se, espargia umas folhas mortas de árvores, corria rasteiro e rodopiava em redemoinhos numa esquina. Plaquetas de comércio dependuradas rangiam sacudidas pelo vento... Embora a luz do sol dourasse os paralelepípedos, o calor se dissipava soprado pela ventarola. Casas de janelas cerradas, outras o agitar de cortinas. Varais e suas peças de roupas dependuradas, feito partes de corpos balançantes em sacadas. Só a presença do envolto ar movediço...</span></div><div style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-8hLYJINSVvA/YHNHwaFiJiI/AAAAAAAATis/aIDhgJ9LfRwrLQw_J7gCxEvhFPVkwbN7gCLcBGAsYHQ/s700/horror%2Bna%2Bpequena%2Bvila%2Btira%2Bblog.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="237" data-original-width="700" height="135" src="https://1.bp.blogspot.com/-8hLYJINSVvA/YHNHwaFiJiI/AAAAAAAATis/aIDhgJ9LfRwrLQw_J7gCxEvhFPVkwbN7gCLcBGAsYHQ/w400-h135/horror%2Bna%2Bpequena%2Bvila%2Btira%2Bblog.jpg" width="400" /></a></div><span style="font-family: verdana;"><div style="text-align: justify;">O seu penteado não resistira aquela agitação toda. Iria apresentar-se às pessoas como um espantalho. Vivia ao tempero dos hormônios. Seus seios oprimidos pelo sutiã sob a camisa social de mangas arregaçadas. As ancas justas dentro da calça. Não que fosse feia propriamente, pouco despertasse o interesse verdadeiro dos homens. As faces róseas salpicadas de sardas graciosas.</div><div style="text-align: justify;">A semana praticamente passara e fizera poucas vendas, pretendia melhorar a comissão. Ler educa reconheciam alguns clientes endinheirados, mas não tinham apego. Quando muito queriam o espaço vago da estante preenchido. Não era especialista em livros, vendia aqueles demonstrados no catálogo da editora. Nem poderia se considerar uma leitora, aceitou o trabalho dada a necessidade. Gostava de folhear revistas de fofocas sobre famosos, idílicos romances de Bárbara Cartland antes de dormir...</div></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Duma janela alguém a viu parar à beira da sarjeta. Mirou o quarteirão avaliando as residências. Qual favorece-lhe fazer dinheiro? Motivar o otimismo de dias melhores... Diante dela em tons claros de marrons um chalé, ajardinado à frente tinha a fonte do chafariz seca. Um anão de jardim sorria, o sapo de pedra aguardava a água. À direita da mureta provida ao longo do quintal de ornamentos em ferro, o portão da garagem cujo vitrô na lateral deixava ver um Corcel azul metálico estacionado. O férreo portão estilizado não oferecia resistência maior... Nenhum cão de guarda surpreso apareceu latindo. Bastava seguir o caminho de lajotões avermelhados até a porta de entrada, sob um alpendre longitudinal que servia para receber visitas... Tomou fôlego. Não descarte a oportunidade! Cada porta reserva-lhe uma surpresa. Pressionou o botão da campainha ding-dong, logo abaixo do número 696... Parecia demorar... Ninguém em casa. Devia tocar de novo?... Um indivíduo abriu a portinhola diminuta deixando-se notar. Então informou ser vendedora de livros. Talvez não tivesse interesse no momento, muitas contas a pagar, resmungou a voz.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">- Veja... - Insistiu abrindo o catálogo. - Temos coleções ótimas. Nós também dividimos em parcelas o pagamento.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O homem saiu um pouco. Tinha média estatura, aparentava meia-idade e mantinha o porte físico. Ela mostrou uma credencial com seu nome, emendou falar da qualidade das edições. Mas o vento ainda insistia inconveniente importunar as coisas... Dissera um nome, mas este escapou-lhe aos ouvidos. Não tinha feições rudes por trás dos emoldurados óculos pretos, respondia com voz branda, gestos comedidos. Sugeriu que entrassem para melhor conversar...</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">- Tenho mesmo uma biblioteca básica aqui, com coisas de meu interesse. - Apontou uma coleção de livros suspensa na parede. Observadora pôde notar duas enciclopédias de cores distintas, grossos tomos, livros de capa dura esverdeados, em tons de vinho, sobre anatomia, exoterismo, medicina, trabalhos manuais, perfilados e sobrepostos, títulos em letras douradas, com autores que ela desconhecia. Leu de relance: Sêneca, Marquês de Sade (decerto conta algo sobre a nobreza), Crowley. - ...Inclusive esta indispensável Bíblia Sagrada. - A qual o homem reverenciou com gesto respeitoso apertando contra o peito. - ...Tive uma severa criação religiosa de minha mãe, entende. Eu mal podia brincar do lado de fora. Venha... - Convidou-a sentar-se no sofá, entre ambos um móvel de centro, onde colocou a sacola que trazia a tiracolo com o mostruário de algumas coleções. A princípio ficou receosa entrara sozinha na casa de um desconhecido. Reparou dependurados num mancebo, bolsa e chapéu feminino.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">- O senhor tem esposa?...</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">- Você perguntou por causa dos acessórios de mulher ali... São de minha irmã. Daqui a pouco ela chega.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">- Talvez eu pudesse indicar nosso livro de receitas culinárias ou jardinagem.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">- Fique tranquila, já recebi outras vezes revendedoras de cosméticos, vendedores de planos de seguros, enfim... - Uma janela batia incomodamente. - Se importa deu fechá-la? - A moça assentiu. - O dia está bastante incomum...</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">- Creio que nossa coleção de Mestres da Pintura vai agradar o senhor. As reproduções estão perfeitas, o tipo de papel especial, formato horizontal da edição... - Estendeu-lhe o livro. Fez assim sua primeira cartada para a venda.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Examinou com cuidado a capa firme. Deteve-se ante o frontispício luxuosamente ornamentado.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">- Aceita beber algo? - Perguntou de repente.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">- Não sei...</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">- Você está com pressa?...</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">- Escolha à vontade, por favor.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">- Vou trazer suco para nós dois. - Saiu. Olhou ela em volta o ambiente. Calmaria estranha. Não estava sujo, impressiona o aspecto lúgubre da casa, como se vivesse nas sombras. Não quis parecer indelicada e recusar a bebida, ouvira histórias escabrosas. Sentiu-se arrependida em aceitar... Da cozinha o indivíduo procura manter certa interlocução. Voltou a citar a irmã pela demora, acompanhado dos sons de armário sendo aberto, porta de geladeira, puxar de gavetas, vidro retinindo de copos e jarra. Enquanto encetava conversa, algo dentro dele conspira. Mais fácil que atrair prostitutas, era um passarinho distraído que caía numa arapuca, não convinha assustá-la... Embora pudesse deixá-la ir antes que desconfie... Ou quem sabe ter uma namorada. Trocar confidências, que essa fosse mais compreensiva. Mulheres eram o seu problema!... Fez parecer tudo muito natural. Sorrateiro pegou um frasco diminuto escondido numa gaveta, esguichou uma solução de sonífero no copo que seria dela. Preferia atordoar a vítima a dar-lhe um murro para desmaiar. Arrumou a bandeja e retornou à sala.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">- Aqui está!... Nem demorei. Trouxe o açucareiro para você mesma adoçar o seu. - Daí primeiro colherou açúcar para si e bebeu. Ansiosa logo o acompanharia com goles esparsos, um tanto a contra-gosto dissimulado.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">- Pode ver, são comentadas por especialistas...</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O livro apoiado assim nos joelhos folheava as reproduções de pinturas famosas: Hugo van der Goes, Caravaggio, Hieronymus Bosch, cenários delirantes em sua imaginação. Um ser cruel dentro dele escondia-se: "Ela tem que morrer!", algo insistia nele. Levantou os olhos das figuras em direção à vendedora irrequieta.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">- Bem, agora só falam que a computação vai permitir armazenar livros inteiros para consulta. Nisso que chamam de web, quadros em imagens virtuais... Sabe, eu trabalho na limpeza pública. Já fui coletor, agora dirijo o caminhão do lixo. Não recebo muito... Daqui algumas horas inicia meu turno... Você está sentindo alguma coisa?</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Ainda que forçasse a atenção, não conseguia permanecer desperta. A cada piscada de olhos mergulhava num sono irresistível. Ergueu-se e intentou dois passos cambaleantes...</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">- Oh, meu Deus!... - Enregelou-se o corpo até o sono profundo.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">- Eu cuido de você.</span></div><div style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-RwYR69A8XIY/YHOZ6BqMBaI/AAAAAAAATi0/p3WtCsWkXiE1cCAMWtuu-h6hEkgQs_FUACLcBGAsYHQ/s600/horror%2Bna%2Bpequena%2Bvila%2Bhq%2Bblog.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="600" data-original-width="600" height="400" src="https://1.bp.blogspot.com/-RwYR69A8XIY/YHOZ6BqMBaI/AAAAAAAATi0/p3WtCsWkXiE1cCAMWtuu-h6hEkgQs_FUACLcBGAsYHQ/w400-h400/horror%2Bna%2Bpequena%2Bvila%2Bhq%2Bblog.jpg" width="400" /></a></div><span style="font-family: verdana;">Ao recobrar os sentidos descerrou as pálpebras pesadas. Achou ocorrer outras vezes. Como se visse em flashes de imagens distorcidas. Havia gritos incompreensíveis. Aquele vulto obsessor. Pareceu que sonhara com o estranho voraz a possuí-la... (!?) Quis se levantar, mas dada a dificuldade percebeu ter sido presa sobre uma bancada. Um conjunto de algemas num dos pulsos e tornozelo, as palmas das mãos atada com grudenta fita adesiva... Estava fraca. Tinha a boca ferida duma mordaça. Reparou estar despida, o corpo coberto de hematomas, lanhos de chicote, a pélvis dolorida... Constatou tendo o olhar aterrorizado, as partes íntimas pegajosas de sêmen e sangue. Derribado no tampo um rijo strap-on, junto duma taça de drink... Soltou um grito sufocado e esperneou a atingir os odiados objetos que caíram ao chão.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">- ...Seja bem comportada, entendeu! - Retornou apressado ao porão. Olhava-o espantada vestido num robe. Oprimiu-a com um tapa e injetou entre a boca cerrada a solução sonífera numa seringa, obrigando engolir. Vencida não conseguia forças, sem manter a consciência.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Abaixo da bancada havia um bojudo frasco cheio de sangue, pois a moça já doara milagrosos dois litros, com o qual preparava estonteantes bloody maries. Dispunha desses apetrechos medonhos aprendidos, alguns feitos a partir dos livros.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Não imobilizava sua vítima totalmente sentia prazer em observá-la resistir, dominar sua contrariedade, as súplicas chorosas, o grito de dor parado no ar que logo desaba. Permitia-lhe movimentá-la, tanto como usurpar o corpo. Despiu a vestimenta e bebia o drink pronto. Tocou-a alisando rude a carne doída, que ainda reagiu com repugnância. Apreciava o cheiro da pele, seu calor latente, o sabor da transpiração, o tremor dos músculos tesos, experimentar sua consistência à mordidas.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">- Você quer que eu faça seus gostos... - Repetia delirante entorpecido pela sonoridade dos gemidos aviltados, a canibalizar aquelas tetas desejáveis, mastigar o tufo relvado dos pêlos pubianos. Abriu-lhe a vulva movimentando a sebosa língua serpentina, sorveu guloso a escancarar os sanguinolentos lábios vaginais. Aparta abrindo as coxas como querer entrar de volta ao útero.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Seu pinto cresceu o mais que podia, não era assim tão bem dotado, os testículos dependurados no escroto flácido. Queria entrar dentro por todos os orifícios atingindo sua alma. Trepou na bancada de sevícias, apavorada fez encolher-se soluçante, o tampo tingido do mosaico de nódoas, insistiu se debater débil. Puxou-a decidido por trás, que esboçava alguma reação, o rosto colado à superfície nojenta. Afasta as carnudas nádegas e penetra-lhe firme no ânus róseo, nisso estocava sadicamente a firme virilha.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">- É grande o suficiente, hein!... - O corpo da vítima inerte recebia as ondas de choque, o estalar da bunda, subjugando às rédeas de seus cabelos, que sacudia-lhe o torso, o seio penso. Isso apressava a respiração dele, os batimentos cardiácos, emitia uivos guturais... Então explode numa ejaculação intensa de esperma misturado às fezes.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">...Insistentes batidas na face fizeram-na despertar assustadiça, o corpo débil. Bruto batia-lhe no rosto empunhando o avantajado strap-on. Embebeu-o no cálice de bloody mary, esfregava em sua boca violácea, agora sem mordaça, cutucando os mamilos arroxeados, a ameaçar o ventre dela. Por trás dele assombrou-lhe um manequim trajado num velho vestido e tinha um crânio humano fixado ao pescoço.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">- Conheça a minha mãe... - Ficara com a cabeça descarnada pelos vermes após a exumação. - Hoje acordou indisposta... Repete os mesmos insultos... A senhora fala demais! Qualquer dia desses, eu a deixo sozinha... - A Retrucar um suposto diálogo mórbido entre o títere da matriarca falecida. - Você é minha mãe, sabia?... Eu saí dessa buceta!</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Duma caixola com manivela, aprisilhou nos bicos dos seios machucados, dois fios elétricos. A cada girada do mecanismo, o corpo se contorcia em espasmos repetidas vezes, até que a uretra expelisse a urina quente, ao que bebeu regozijante. Tomou do enorme caralho artificial e introduziu abruptamente naquela vagina eriçada de pêlos.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">- Este te faz gozar, vadia?... - Metendo e tirando com violência.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">...O corpo inerme entrara em colapso. Num período intermitente extraíra quase quatro litros de precioso sangue. A vítima tinha as carnes frias. Quase cirurgicamente com um afiadíssimo cutelo decepou-lhe a cabeça, detendo o estrebuchar do corpo em choque. Desfez a mordaça, e entre os lábios lúbricos de sangue, o olhar da jovem num último reflexo de espanto, enfiou o pênis duro goela abaixo, enquanto segurava os cabelos desgrenhados, forçando o sexo oral...</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Sem que se percebesse tudo aquietou alheio à providência divina. Oportunidade usada para esquartejar o cadáver, enterrar membros e outros pedaços, oferecer as vísceras aos caymans famintos num rio lodoso atrás do cemitério da cidade. Agora tudo parecia sóbrio ao se avistar o casario debaixo do céu... Ficaria um filho órfão à espera infindável numa creche. A vida naquela expectativa de que algo acontecesse. </span></div><div style="text-align: justify;"><br /></div>URBAIN G.http://www.blogger.com/profile/09011536695424996883noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5870866401120850464.post-18625076331140503472021-01-04T05:13:00.004-08:002021-04-18T18:35:20.130-07:00URBANOS GIRASSÓIS ========<p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-CcWJHFwupJQ/YHzd7VwnN8I/AAAAAAAATk4/uG7AKxIBIjgRmTjetESgzOlm68farjcHgCLcBGAsYHQ/s1024/urbanos%2Bgirass%25C3%25B3is%2Bblog.jpeg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="493" data-original-width="1024" height="193" src="https://1.bp.blogspot.com/-CcWJHFwupJQ/YHzd7VwnN8I/AAAAAAAATk4/uG7AKxIBIjgRmTjetESgzOlm68farjcHgCLcBGAsYHQ/w400-h193/urbanos%2Bgirass%25C3%25B3is%2Bblog.jpeg" width="400" /></a></div><div style="text-align: center;"><br /></div><div><span style="font-family: georgia;"> <b><span style="color: #b45f06;">Uns girassóis no canteiro da avenida</span></b></span></div><div><span style="color: #b45f06; font-family: georgia;"><b> Incongruentes dourados na paisagem urbana,</b></span></div><div><span style="color: #b45f06; font-family: georgia;"><b> Semeadura de beleza em meio às pedras.</b></span></div><div><span style="color: #b45f06; font-family: georgia;"><b> Tuas pétalas tingidas de poluição,</b></span></div><div><span style="color: #b45f06; font-family: georgia;"><b> Exalas inconcreto perfume...</b></span></div><div><span style="color: #b45f06; font-family: georgia;"><b> Ramalhete de um amor impossível.</b></span></div><div><span style="color: #b45f06; font-family: georgia;"><b> Ao sabor da aragem dos automóveis velozes,</b></span></div><div><span style="color: #b45f06; font-family: georgia;"><b> Sob a chuva melancólica desses dias.</b></span></div><div><span style="color: #b45f06; font-family: georgia;"><b><br /></b></span></div><div><span style="color: #b45f06; font-family: georgia;"><b> Emolduram a miséria dos desvalidos</b></span></div><div><span style="color: #b45f06; font-family: georgia;"><b> Viventes do lixo.</b></span></div><div><span style="color: #b45f06; font-family: georgia;"><b> Logo ali, uma velha que acompanha sua solidão.</b></span></div><div><span style="color: #b45f06; font-family: georgia;"><b> À meia-noite outra ronda desconfiada dos policiais,</b></span></div><div><span style="color: #b45f06; font-family: georgia;"><b> A fina flor dos malandros, herdeiros pixotes</b></span></div><div><span style="color: #b45f06; font-family: georgia;"><b> Habitantes das sombras.</b></span></div><div><span style="color: #b45f06; font-family: georgia;"><b> Na esquina despetalar-se a dama da noite,</b></span></div><div><span style="color: #b45f06; font-family: georgia;"><b> Tudo em vão...</b></span></div><div><span style="color: #b45f06; font-family: georgia;"><b><br /></b></span></div><div><span style="color: #b45f06; font-family: georgia;"><b> Urbanos girassóis a enfeitar</b></span></div><div><b><span style="color: #b45f06;"><span style="font-family: georgia;"> A fealdade do mundo.</span> </span></b></div><div><br /></div><p></p>URBAIN G.http://www.blogger.com/profile/09011536695424996883noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5870866401120850464.post-2068936786146691112020-07-17T08:57:00.025-07:002020-07-24T06:09:25.342-07:00ALGEMAS DE AMOR ==========<div class="separator"><font face="verdana"><b style="text-align: justify;"><font color="#ff0000" size="6">O</font></b><span style="text-align: justify;">correu que um casal de ladrões foi pego furtando num desses magazines populares. De olho, o circuito de câmeras "dedo-duro" flagrou o delito a dois. </span></font></div>
<div style="text-align: justify;">
<span><font face="verdana">A ladrona era bem esbelta, mas ganhara tronco e bunda vestindo algumas blusas, mais calcinhas, umas sobre as outras em disfarçadas idas e vindas ao trocador. Obstinada frente dum espelho com o jeito do cabelo em parafusos, tingido de loiro artificial. Enquanto o meliante mancomunado, entre distinto e gatuno, dava cobertura vigiando as vendedoras da loja, também exibia a morenice de seu charme...</font></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span><font face="verdana">Presos às algemas, ambos se acusavam na ante-sala da delegacia, a purgar as culpas um do outro. Brigaram diante da autoridade policial, durante o interrogatório no qual se fazia a acareação.</font></span></div><div style="text-align: justify;"><span><font face="verdana">- Pera lá!... Então vocês são casados? - Inquiriu o Delegado de plantão, bigode espesso rigorosamente aparado. Camisa de compridas mangas abotoadas, uma séria gravata monocromática azul-anil, ostentando grossa aliança de casamento.</font></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span><font face="verdana">- Amasiado, Doutô... Nem tem cinco anos ainda.</font></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span><font face="verdana">- ...Quem casa devia honrar as calças que veste.</font></span></div><div style="text-align: justify;"><span><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-l8V0HPDiZvw/XxHJX4J8GUI/AAAAAAAASgw/samJmd_OeOcx__RG-G6GD0D28eimQPWbgCLcBGAsYHQ/s268/algemas%2Bde%2Bamor%2Burbaingem%2Bprosa%2Be%2Bverso.jpg" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em; text-align: justify;"><font face="verdana"><img border="0" data-original-height="268" data-original-width="240" src="https://1.bp.blogspot.com/-l8V0HPDiZvw/XxHJX4J8GUI/AAAAAAAASgw/samJmd_OeOcx__RG-G6GD0D28eimQPWbgCLcBGAsYHQ/s0/algemas%2Bde%2Bamor%2Burbaingem%2Bprosa%2Be%2Bverso.jpg" /></font></a></div></span></div><div style="text-align: justify;"><span><font face="verdana">Tinha mais, havia denúncia do modo operandis da dupla de amantes larápios. Seduziam jovens solteiros, descasados em busca de aventura, incautos aposentados e depois assaltavam.</font></span></div><div style="text-align: justify;"><font face="verdana">- A moça que é a Cinderela? Ou seria manequim de passarela? - Estendeu-lhe as provas já despidas.</font></div><div style="text-align: justify;"><span><font face="verdana">- Eu... Imagina, Senhor... - E riu. A amarfanhar o cabelo aparafusado.</font></span></div><div style="text-align: justify;"><font face="verdana"><span>- Marluze Inocêncio Nobre. - Soletra o "Delega". Um velhote dera queixa quando depenado num hotel decadente, lá no centro da cidade. Todos bêbados, quem conseguiria provar o golpe... </span>Porém, neste deram mancada.</font></div>
<div style="text-align: justify;">
<span><font face="verdana">- Ela falô que tava precisando dumas calcinhas, saia, blusa... Né, chefia.</font></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span><font face="verdana">- Mulher tem necessidade, meu filho!</font></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span><font face="verdana">- Jesus Cristo é testemunha... Eu disse, vamô fazê o crediário certinho...</font></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span><font face="verdana">- Com teu dinheiro, Vandelton?... Cafetão de puta pobre!</font></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span><font face="verdana">- Tu tá me confundindo, cachorra?... Fecha essa matraca.</font></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span><font face="verdana">- Dou nome aos bois, sim.</font></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span><font face="verdana">- Fica me entregando... Bandido não tem nome, é apelido. - Retrucou o tal. Logo o Doutor apontaria cada caput. Assinara um artigo 35 do código penal, por associação ao tráfico. Seguido do artigo 171, acusado de estelionato. Mais outro artigo 155, devido a furto de veículo. </font></span></div><div style="text-align: justify;"><font face="verdana"><span>- Senhor, esse aí é só falsidade!... - Marluze por um instante esboçou chorar. O peito ferido de amor matado. Alma gêmea apunhalada... A paixão incendiou seus corações numa quermesse na comunidade. Dali dois anos sem cerimônia, panos juntados. Enlace interrompido da vez que ele puxa uma cana-dura... Esqueceram facilmente as pipadas de crack, os goles de vinho batizado, ouvindo cd com canções do Fábio Jr., prazeres no cafofo de madeira à margem dos trilhos da ferrovia, naquela vida sem rumo</span><span>. Tonta, fizera desabar um barraco da amante piriguete dada sua paixão incondicional...</span></font></div>
<div style="text-align: justify;">
<span><font face="verdana">- ...Eu tava lá a contra gosto.</font></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span><font face="verdana">- Jura!... Contra gosto sou eu abrir as pernas pra tu... Baita mixaria!</font></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span><font face="verdana">- Epa!... Isso aqui não é a vara da família, hein. Presta atenção, cacete! - Interveio a autoridade presente, largando o café puro que bebia.</font></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span><font face="verdana">- Mentiroso!... - Quis acertá-lo.</font></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span><font face="verdana">- Vai revelá desse jeito nossas intimidades?... As celas tem escuta - Disse diminuído no seu ego. - Ô, camarada... Não escreve isso aí, não! - Suplicou ao escrivão discreto num canto do gabinete.</font></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span><font face="verdana">Tudo porque, acredite (nas entrelinhas), ela era réu primário, aliás safava-se em toda fita deles. Assim, o vagabundo não queria ver alongada a "capivara" de crimes.</font></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span><font face="verdana">- Doutô, essa mulher... - Esforçou-se para achar a palavra furtiva. - Ela é... Cleptomaníaca! - Acusou o dito entendedor de psicologia.</font></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span><font face="verdana">- Não minta deste jeito... - O coração dela que sofria um trauma.</font></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span><font face="verdana">- Rouba tudo que vê... É uma coisa!</font></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span><font face="verdana">- Não estrague a minha vida... Nem acabe com a minha paz. - Queixou-se a ladra. Daí ensaiou certo mal-estar e deram-lhe um descartável copo d'água. </font></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span><font face="verdana">- Foi ela quem me incitô, Doutô...</font></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span><font face="verdana">- Tu me enganou...</font></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span><font face="verdana">- Pode vê, Chefia... Eu nem tô cum nada em cima.</font></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span><font face="verdana">- Pô, figura!... - O Delegado encarou o ladino. - Vocês estavam no setor de moda feminina... O malandragem não ia querer uma sainha... - Então demonstrou sua perspicácia policial.</font></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span><font face="verdana">O sistema criminal idem levantou um assassinato cometido pelo vulgo. Faltando responder.</font></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span><font face="verdana">- ...O cara se engraçou cá minha mulher!</font></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span><font face="verdana">- Um crime passional...</font></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span><font face="verdana">- Legítima defesa, Doutô.</font></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span><font face="verdana">- Com duas facadas nas costas do morto?</font></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span><font face="verdana">- Nóis se embolô, a lâmina caiu... Ele vacilô e correu. Ali na forte emoção defendi minha honra. - Nisso ela se manteve calada. Não quis parecer cúmplice daquele desatino amoroso, preservando sua inocência infiel. Contudo, talvez, lá no fundo, o pilantra lhe tivesse algum apreço.</font></span></div><div style="text-align: justify;"><span><font face="verdana">- Meu arrependimento foi não ter voltado, pra ficar com essa aí. - Parecia sincero.</font></span></div><div style="text-align: justify;"><span><font face="verdana">- ...Depois disso, não amo mais. De jeito nenhum!</font></span></div><div style="text-align: justify;"><font face="">- Eu é que não acredito em tu.</font></div><div style="text-align: justify;"><font face="">- Você que me tirou do caminho, eu era mulher direita...</font></div><div style="text-align: justify;"><font face="">- Aí... Já tá mentindo, porque tu é canhota.</font></div><div style="text-align: justify;"><font face="">- Confiei nele, Senhor, deu nisso...</font></div><div style="text-align: justify;"><font face="">- Pois vou autuar os pombinhos... Inclusive, o Vandelton, segundo estes documentos que estão sendo apurados... - Mexia uns papéis distribuídos pelo tampo da mesa. - Ainda deve à Lei... Os dois pra gaiola! - Liberdade agora, seria aquela imensa estátua distante, na entrada da Baía de Manhattan, que ele assistiu em um filme de televisão. Tal como veria os dias na telinha da cadeia...</font></div><div style="text-align: justify;"><font face="">Foragido o bandido pródigo não tinha mais indulto. Perdera o endereço do presídio, num feriado do dias das mães. E quem sabe, Marluze se torne uma moça bem-comportada.</font></div><div style="text-align: justify;"><font face="verdana"><font face=""><br /></font></font></div>
URBAIN G.http://www.blogger.com/profile/09011536695424996883noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5870866401120850464.post-64621104449695622732019-12-15T17:36:00.000-08:002020-07-15T07:47:45.390-07:00O 'HOMEM DE DEZ MIL ANOS' # 1<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="color: red; font-size: x-large;"><b>A</b></span>ssentou-se o 'Homem de Dez Mil Anos' junto à uma nascente. Acima o mosaico de casas resplandecia na encosta sob a luz da tarde tranquila. Eis que se vislumbrava o reflexo de uma mulher no espelho d'água trazendo um pote.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">- Posso eu também tomar desta água? - Aproximou-se largando o cântaro às margens do regato.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">- A fonte dá de beber a quem tem sede. Sacia pois a tua.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">- Pudera matar minha vontade...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">- Seja qual for tua sede farta até o último gole.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">- Bebo aqui a longos anos... Esta nascente é a mesma.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">- Por certo ainda que tu sejas a mesma, as águas que fluem da fonte jamais. Pois o hoje mesmo que não percebamos, é diferente do ontem. O que é o presente senão o fim do passado no porvir. Embora parados, todos seguem adiante.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">- Coisa alguma me satisfaz. Torno a ter sede. - Ele a vigia na sua faina. - O que possuía de valor dei aos necessitados. Em troca nada recebi.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">- Julgavas consolar teu espírito com a caridade dos hipócritas? Que oferecendo uma esmola de vez em quando estará sustentando os famintos? Lembra-te, límpido é o manancial que jorra do coração. Partilha dele se puderes.</span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-jm6tyaT-OGQ/XfbeqB_LD1I/AAAAAAAASOc/biBa0fayk2wCMcQ7kNlEADcy7KnoZ6PigCLcBGAsYHQ/s1600/blog%2Bhomem%2Bde%2Bdez%2Bmil%2Banos%2Burbain%2Bg%2Bem%2Bprosa%2Be%2Bverso%2B1.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="269" data-original-width="405" height="212" src="https://1.bp.blogspot.com/-jm6tyaT-OGQ/XfbeqB_LD1I/AAAAAAAASOc/biBa0fayk2wCMcQ7kNlEADcy7KnoZ6PigCLcBGAsYHQ/s320/blog%2Bhomem%2Bde%2Bdez%2Bmil%2Banos%2Burbain%2Bg%2Bem%2Bprosa%2Be%2Bverso%2B1.jpg" width="320" /></a></div>
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">- Quis ser justa e fui vil. Errei por minha culpa. - Fez içar o pote transbordante. Ele a amparou.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">- Assim como o veneno é próprio da serpente, também será o erro na pessoa. Todavia, os males e os pecados não estão nas coisas. Existem apenas na mente humana conforme sua própria moral.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">- E se eu me corrigir... Isso há de me tornar mais feliz?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">- Porque fazes da felicidade a mesquinhez de um único indivíduo. Uma pessoa alegre por alguma razão, não fará a felicidade da humanidade como um todo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">- Insistem que eu devo rir. Para não parecer sisuda.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">- Sorria se quiseres contanto, que não seja o riso da tua idiotice.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">Num sinal de gratidão ela abraçou-o e regou-lhe os cabelos com seu pranto.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
URBAIN G.http://www.blogger.com/profile/09011536695424996883noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5870866401120850464.post-1430773463963998552019-11-03T09:41:00.002-08:002019-12-15T16:43:20.755-08:00JARDIM DE INFÂNCIA =======<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: red; font-size: x-large;">N</span></b>ão importava quanto a vida lhe negue, o moleque sabia conquistar sua sobrevivência. 11 anos talvez. Pelas padarias, cruzamentos, ganhava um bom bocado que ameniza a fome. Ele mastiga as palavras em meio aos pedaços dum salgado.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;">A mãe nalgum lugar apartado da cidade, inquieta pensando nas maldades do mundo, não impedia de escapulir. Era o gênio dele respondia à assistente social.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Pedia, insistia. Voz contrita consistia a artimanha:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- Pô, tio! Paga aí... Ô, tia! Tô cuma fome. - Assim como um parente distante que aparecia de repente. Encontro fortuito de sagacidade ludibriadora da bondade. Apelava até conseguir. Uma coxinha, descolava um café com leite, doce ou refrigerante.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Um simples moleque. Ele o futuro da pátria. Pequeno herói do infortúnio, dado à travessuras urbanas, trazia o olho roxo socado por um guarda municipal da patrulha. Esses corrigiam por linhas tortas... Nisso deu uma golada num suco gelado, sabor artificial de laranja. Não era um menino mau, pois que aprendeu a criar "coleirinha", cuidado pela mãe. Tem uma gaiola pendurada no barraco da favela.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Há os que insistem em lhe dar conselhos. Perguntavam se o moleque tinha mãe... Se fosse filho de chocadeira! Enteado da sorte madrasta isso sim. Mesmo uns coleguinhas de rua sacaneavam dizendo, que nem o seu pai quis conhecê-lo. E riam com aquela inocência perversa dos fedelhos.</span><br />
<span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Lambendo os dedos engoliu o último pedaço, entornou o que sobrara no copo descartável. Depois de amarrotar o guardanapo, lançou fora da lata de lixo outra vez... Acertaria na próxima. Vendo isto a garçonete obriga que apanhe o papel.</span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-9i_oE2IKbGQ/Xb8QUL64ePI/AAAAAAAASNM/CRSZJZA0V7QtDTwbzQ8D89xQ0fkg_wDBQCEwYBhgL/s1600/blog%2Bjardim%2Bde%2Binf%25C3%25A2ncia%2Burbain%2Bg%2Bem%2Bprosa%2Be%2Bverso.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="375" data-original-width="263" height="320" src="https://1.bp.blogspot.com/-9i_oE2IKbGQ/Xb8QUL64ePI/AAAAAAAASNM/CRSZJZA0V7QtDTwbzQ8D89xQ0fkg_wDBQCEwYBhgL/s320/blog%2Bjardim%2Bde%2Binf%25C3%25A2ncia%2Burbain%2Bg%2Bem%2Bprosa%2Be%2Bverso.jpg" width="224" /></a></div>
<span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Distraía-se com a programação exibida em televisores dos bares. Atendia o malandragem junto à esquina por um favor, filósofo da "letra" do asfalto. Garimpando um punhado de moedas, se dava o luxo de escolher o que comer nas vitrines tentadoras das bombonieres. Comprava drops pra agradar a garota bonita, que vende aos passantes ali na frente da porta do Banco. Daí era penar de bolsos vazios, estômago acusando novamente a fome. Passar por baixo da catraca do ônibus, se o motorista deixasse.</span><br />
<span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;">A vagar pelas calçadas, o moleque aventurando-se nos jardins da infância citadina, entre os bosques furtivos de prédios, desperta debaixo da marquise dos grandes magazines, quando o sol se levanta para um novo dia. Este querubim decaído, sujeito à pequenas trapaças dado o caráter da sociedade. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
URBAIN G.http://www.blogger.com/profile/09011536695424996883noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5870866401120850464.post-19758337022421677032019-04-30T23:09:00.001-07:002019-11-02T15:43:37.859-07:00O 'HOMEM DE DEZ MIL ANOS' # 0<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><span style="color: red; font-size: x-large;"><b>S</b></span>eu quintal abrangia o planeta inteiro. Deste modo que preferia ver os espaços além da estrada, enquanto caminhava a esmo. Era no gozo da sua liberdade que o 'Homem de Dez Mil Anos' ampliava a dos outros ao infinito. Se a natureza o fizera humano decerto não faria sentido comportar-se feito as plantas, presas às raízes num único lugar; afim de florescer e brotar os frutos. Contornando o penhasco avistou pessoas ao redor de uma fogueira, junto à arrebentação das ondas logo abaixo. Diziam-se também viajantes em busca de seus destinos. Tinham os corações oprimidos transbordantes pela boca.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">- A que viemos?... O que somos? É a sombra que persegue meus passos... - Expôs melancólico um deles.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">- Reparem nossas sombras formadas pelo lume do fogo. - Iniciou o 'Homem de Dez Mil Anos', mostrando as imagens tremeluzentes contra o rochedo. - Elas estão lá, nós as vemos... Mas de fato elas existem? Assim é o Homem, miragem cósmica no universo. Preocupem-se em manter o fogo aceso. Seria o bastante.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">- Nessas andanças um anjo me revelou que os tortos caminhos não levam a lugar algum. Que há só um caminho... Por isto minha jornada cessa aqui.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">- Porque as pessoas temem Deus haverão de deixar de investigar os mistérios da existência?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">- Nós nada somos ante os desígnios divinos. - Insistiu o andarilho resignado.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">- A semente só germina tendo o caroço se libertado da casca... Haverá a terra de recriminá-la por tal audácia?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">- Olho para o céu ao entardecer e pergunto a razão toda dessa angústia. - Disse a viajante aquentando as mãos no calor das labaredas.</span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://2.bp.blogspot.com/-LD8N48_fvSQ/XMk3Nql-L1I/AAAAAAAAR4o/mJYGJXY1K5kav52fQ7Tu_5IIlLCl8kg9QCLcBGAs/s1600/blog%2Bhomem%2Bde%2Bdez%2Bmil%2Banos%2Burbain%2Bg%2Bem%2Bprosa%2Be%2Bverso%2Bitapema%2Bsp.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="739" data-original-width="576" height="320" src="https://2.bp.blogspot.com/-LD8N48_fvSQ/XMk3Nql-L1I/AAAAAAAAR4o/mJYGJXY1K5kav52fQ7Tu_5IIlLCl8kg9QCLcBGAs/s320/blog%2Bhomem%2Bde%2Bdez%2Bmil%2Banos%2Burbain%2Bg%2Bem%2Bprosa%2Be%2Bverso%2Bitapema%2Bsp.jpg" width="249" /></a></div>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">- Não perguntem ao universo, onde nada repercute, conquanto saibam a resposta. O que importa sobre as nuvens não são as figuras que elas formam no céu, mas as forças da natureza que agem sobre elas. Assim procedendo estarão livres do cabresto social.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">- Será possível nesta sociedade viver segundo nossa própria vontade?</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">- Eu sonho com o dia em que a Terra pare. Nesse dia as pessoas deixarão de lado as coisas fúteis do cotidiano, cumprir a despótica ordem estabelecida e raciocinar sem esta avareza da ganância. Para serem então novas pessoas, num mundo verdadeiramente novo. - Prestes a seguir tornou dizendo. - Tens a chave e a fechadura resta saber o que há por trás da porta... Quem tiver coragem abra!</span><br />
<span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
URBAIN G.http://www.blogger.com/profile/09011536695424996883noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5870866401120850464.post-73921523879097692402018-09-23T18:03:00.000-07:002019-04-30T23:00:49.570-07:00PRÓLOGO AO VERDADEIRO =====<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: red; font-size: x-large;">À</span></b>s 7:00 h da matina, as notícias não eram nada boas...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">"...Política!" - Pensou Zeca calando o rádio na cabeceira. - "Nunca muda, mas os políticos traíras arrumam uma desculpa qualquer... E ficam a favor dos tubarões."</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Do lado de fora pelo quintal, numa perseguição frenética, o cachorro botava o gato do vizinho pra correr. Na certa estivera fuçando no lixo da casa, sendo surpreendido.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">"Se melhora pra alguns contam prosa de que foi pra todos... O prejuízo sempre fica é pros mesmos." - Ninguém a quem recorrer bem sabia. Tinha que dar seu jeito. Assim, ele se martirizava tentando acordar.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">O sol crepita as finas telhas de amianto, enquanto o ventilador ruidosamente soprava inútil. Mais outra manhã que rompia na rachadura do bloco nu.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">"...Ainda ameaçam cortar as horas... Diacho de vida contra a maré!" - Ao saber que a greve ia dar em nada, se levantou com aquela decisão bem própria dos derrotados pela milionésima vez. E sua intenção íntima não cogita o reboco do quinto andar. Nem assembléia e blábláblá.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- Só tu que é besta!... Eu disse que essa conversa tinha serventia nenhuma. Já viu gente como nós ter querer? - Maldisse uma voz abafada pelo travesseiro.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Parece que o Zeca teria de ouvir a ladainha da mulher a vida inteira. E exato nas primeiras horas do dia... Duro era admitir! Somente queria o melhor pra todo mundo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">"Saracura desgraçada!!... Nem convalescida emudece" - Ruminou as idéias ainda babando o creme dental. Antes a mulher, ao menos, tranquilizava com as saliências. Tinha gosto em conversar, daí salgou a língua, vixe! - "...Digo pra não ser assim, ela não ouve." - Além do seio, a cirurgia arrancara-lhe o prazer. Tal operação fez piorar o gênio dela... Um amigo seu tinha razão e ele apenas confirmava, casamento é de escolha própria!...</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- Pai!... - Despertou então. - Vamô no mangue?... - O filho esticava-lhe a barra da camisa aos trancos. Manteve o silêncio cuspindo fora a espuma do dentifrício... Mangue? Manguezal fora antes das máquinas enterrarem metade na construção do terminal de cargas. Os guindastes erguidos a assomar o horizonte da paisagem. Testemunhou da sua janela o alagado sumir e as guapirás, avicênias minguarem esturricadas. Juntamente com ele os marrequinhos de bico-vermelho, os jaçanãs, as garças.</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Terminado o café passou a mão nuns trocados. Pôs o garoto na garupa da bicicleta, que se danasse a maldita responsabilidade. Estava de luto pela categoria. Decretara feriado.</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- Some infeliz! Faz alguma coisa que preste... - Praguejou de dentro a tirana, ao sair da cama calçando os chinelos gastos, à procura do enchimento do sutiã.</span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://2.bp.blogspot.com/-Dspl9ifU9Ps/W6g3TGVI8hI/AAAAAAAARBw/hwp1beGI2acVd6FzL82YWlPaUi3rCqZ6ACLcBGAs/s1600/blog%2Bpr%25C3%25B3logo%2Bao%2Bverdadeiro%2Burbain%2Bg%2Bem%2Bprosa%2Be%2Bverso.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="341" data-original-width="517" height="263" src="https://2.bp.blogspot.com/-Dspl9ifU9Ps/W6g3TGVI8hI/AAAAAAAARBw/hwp1beGI2acVd6FzL82YWlPaUi3rCqZ6ACLcBGAs/s400/blog%2Bpr%25C3%25B3logo%2Bao%2Bverdadeiro%2Burbain%2Bg%2Bem%2Bprosa%2Be%2Bverso.jpg" width="400" /></a></div>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Zeca adentrou numa picada no resto da restinga até o mangue. Ali passou bom tempo, a cara mais enfiada na lama do que caranguejos na toca. Sob o olhar atento do menino curioso.</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- Tem uçá ai, Pai?... Tem? Insistia o garoto, bem orgulhoso dele. Mal reparando na careta do Zeca no instante que um caranguejo pinçara seu dedo tenazmente...</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Quando com muito custo completou duas fieiras resolveu ir simbora. Não sem antes se divertir com o menino na maré, esperto dentro d'água feito um biguá atrás do peixe. Tendo a imagem da mulher na cabeça, mais o grasnir dum quero-quero pelas margens do estuário, partiu em direção ao centro da cidade. Acreditando naquela voz fantasmagórica da esposa, que lhe estimulava forçosamente fazer algum dinheiro.</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Emergia do mangue pra se atolar no asfalto. Numa esquina largou as dúzias de caranguejos que foram obrigados sambar o "miudinho" cadenciado com as seis patas, tal a quentura da calçada.</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- Tá barato aqui na minha mão, hein!... Caranguejo fresquinho!! - Zeca arriscou no pregão improvisado. Palmeando alto afim de chamar a atenção.</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Uma certa hora da espera pelos interessados na iguaria (já não tão fresca), os trocados valeram a si duas canas e uma tubaína pro filho. Nada demais, avaliou. Até o encorajara pedir cigarro a um pedestre... Matutava na vertigem da embriaguez, assistindo convicto a sorte dos bichos.</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">"Camarão que cochila a onda leva..." - Escapuliu indolente o refrão do pagode de partido alto.</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Muito tempo também passou até o Zeca estar convencido de que ninguém tinha fome dos uçás. E mesmo os próprios haviam desistido de fugir daquela sauna inquietante no calçamento. Chamou o filho que distraía-se com a maré de sapatos dos transeuntes. O jeito seria pôr os caranguejos numa panela, preparar um bom angu com o caldo... A janta tava garantida.</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">"Se a maré tá braba, são os cabeças-de-bagre que a onda arrasta..." - Foi refletindo nisso que encostou a bicicleta junto à cerca de ripas. O vira-lata raquítico saudava fiel seu heroísmo diário. Logo apareceu a mulher, olhar fulminante, baforando a fumaça do cigarro na intenção de apressar as ofensas. Velhaco, ele estendeu na direção dela as fieiras.</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- Olha aí, meu chamego... Graúdos como você gosta.</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Por perto os últimos pardais e bem-te-vis num jerivá sonorizavam a tarde derribada sobre os morros além da vargem grande. Ao final do dia só o cachorro parecia estar satisfeito.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> </span></div>
URBAIN G.http://www.blogger.com/profile/09011536695424996883noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5870866401120850464.post-35440281330271298772018-08-25T13:10:00.001-07:002018-09-21T22:30:23.608-07:00A RAZÃO DOS TOLOS =======<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><b><span style="color: red; font-size: x-large;">Q</span></b>ue ela tinha uns hábitos estranhos ninguém negava. O cabelo sem pentear parecia denunciar a confusão mental que ia por dentro da sua cabeça. Ou mesmo colocar o maior número possível de vestuário sobre o corpo em pleno verão, nunca lhe causara estranheza. Mas chamá-la de louca seria confusão na certa, isto sim a levava à loucura.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Os sobrinhos quando queriam atazaná-la logo diziam que ela era doida demais. E disparavam em gargalhadas fugindo da tia ensandecida. Ela rejeitava tal idéia como se um fantasma a perseguisse. Desesperada corria pra entupir-se de calmantes.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Jamais fora mais longe que o portão de casa. Além é claro, do pronto-socorro durante suas crises. Onde costumava entreter a longa fila com seus casos quase fatais. Da vez que passara um final de ano em coma, praticamente vegetativa, só acordando no ano seguinte como que ressuscitada.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- Não acredita...? Na tv vira e mexe mostra gente que vive feito repolho. O hospital inteiro veio me visitar... Juro. Ficaram impressionados! Coisa de Deus!! - Dizia a um desconhecido qualquer com quem conversava na maior das intimidades. A discorrer sobre o comportamento das enfermeiras, sempre se referindo como verdadeiras pestes. - Essa aí de santa só tem a cara... - Indicando com desprezo uma inocente que cruzara de um consultório a outro, distinta no seu uniforme imaculado... No mais, o orgulho que sentia das doses cavalares de tranquilizantes que já havia tomado. Numa minúcia de prescrição medicamentosa de fazer inveja a muito doutor. Tudo pelo princípio ativo e dosagens específicas. Algumas vezes ainda presa à maca, Ela já vinha exigindo o que deveria ser ser ministrado. Como ficaria curada, fosse outro remédio teria efeitos colaterais. Nem carecia incomodar o clínico de plantão. O médico era um mero detalhe. A injeção é que resolvia seu atarantamento. Dali somente aceitava sair medicada.</span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://2.bp.blogspot.com/-PFti7m1qvN4/W4G3Kqkm9TI/AAAAAAAAQ-c/0nxLY6sTiMsoWBv1vX9JjFcxf0RrdKxRACLcBGAs/s1600/blog%2Ba%2Braz%25C3%25A3o%2Bdos%2Btolos%2Burbain%2Bg%2Bem%2Bprosa%2Be%2Bverso.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="480" data-original-width="480" height="320" src="https://2.bp.blogspot.com/-PFti7m1qvN4/W4G3Kqkm9TI/AAAAAAAAQ-c/0nxLY6sTiMsoWBv1vX9JjFcxf0RrdKxRACLcBGAs/s320/blog%2Ba%2Braz%25C3%25A3o%2Bdos%2Btolos%2Burbain%2Bg%2Bem%2Bprosa%2Be%2Bverso.jpg" width="320" /></a></div>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Nem sempre dizia coisa com coisa, repetindo-se num mesmo assunto. Retomando a descrição anterior do ocorrido como fato novo. Sucedia momentos em que ensimesmava num silêncio tumular. Entretanto, acontecia sair-se com uma dessas:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- Sabe, eu não queria ter nascido gente... Era melhor nascer árvore. Sozinha num quintal, num pasto. - Dizendo isto plantou-se de pé com os braços estendidos para o alto, os dedos espichados imitando dois grandes galhos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- Tolice, mulher... - Repreendia a vizinha. - E se fosse uma planta no meio da mata? Ia ter árvore de todo lado.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- Qual o quê! Árvore não fala. Cada qual cuida da sua própria vida... Sem aborrecimentos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- Enterrada no chão assim...? - A outra ironizou.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- Desde que me conheço por gente, vivi enterrada nessa lugar.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- Ih... Parada deste jeito que você está! Ia cansar, cair e quebrar o galho.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- Ao menos tinha alguma serventia. Virava porta. Talvez, uma canoa...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- Que foi!? Ficou maluca de vez!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- Eu?... Nada! - Suspirou fundo lastimando sua própria condição. - ...Cansei de ser gente. - Em seguida balançou os braços como se uma aragem repentina lhe pendesse os galhos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"> </span></div>
URBAIN G.http://www.blogger.com/profile/09011536695424996883noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5870866401120850464.post-39536046153042595362017-12-26T18:05:00.001-08:002022-01-12T09:19:02.974-08:00À MEIA-NOITE DO NOVO ANO ===== <div style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif"><b><span style="color: red; font-size: x-large;">F</span></b>oi numa dessas festas de réveillon. Eu era convidado e estava desacompanhado, um tanto sozinho entre os convivas. Ali em meio a diálogos, situações, não pude escapar a avaliadores pensamentos, por vezes despertos pelo rito social daquela ocasião...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif">- Ah, querida, pra ajudar a sorte me precavi. Cartas, folha de louro na carteira, troquei os lençóis... Até búzios!! As coisas precisam dar certo! Não poupei nem o marido. Tá de cueca amarela. Né, meu bem... - Ele riu, tinha uma espécie de segredo descoberto.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif">- ...Cada ano experimento algo diferente. Pular 7 ondas do mar, uma comida sabática, agora aprendi um mantra de prosperidade. Mas não posso revelar à ninguém...</span><br />
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif">- Xô,xô! Vamos afastar os maus fluidos... - Sobressaiu-se uma voz efeminada. </span><br />
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif">- Como sou religioso, rezo, faço promessas, nunca tive essa necessidade... - O branco do traje lhe convinha. Trazia consigo um precioso amuleto sacro... Deixei-me envolver numa conversa de um grupo formado no sofá e poltronas. O que esperar para o próximo ano? Conforme consultam tarólogos entrujões, astrólogos sem lunetas, em suas previsões óbvias de amor, saúde, dinheiro. Previsíveis conselhos consoladores. A recomendar simpatias, banhos de flores, sais e ervas, sessões espirituais. Essas supersticiosas pessoas esclarecidas (de suposto status, algumas cultas!?) dizem piamente acreditar, sem se diferenciar nada da gente comum, tal qual a doméstica ou o torcedor de futebol...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif">Se bem me recordo a trilha sonora dum aparelho estereofônico reverberava pelo ambiente músicas de Elvis Presley, Frank Sinatra, Johnny Rivers, Dionne Warwick, Barbra Streisand, Roberto Carlos, Ângela Maria, Nelson Gonçalves, Charles Aznavour, Peppino di Capri, Julio Iglesias, embalando latentes emoções.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif">- A festa está maravilhosa, Sr. Urbain... - Ouvi duma faceira conhecida a mim apresentada momentos antes, que parecia ter errado no vestido para a noite, passando entusiasmada através da sala rumo a sacada da varanda.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif">Lindas velas desfeitas em brandas chamas ardentes iluminavam os recintos. Dourados reluzentes enriquecem a decoração. Havia um antigo relógio de pêndulo que marcava as horas, na derradeira volta daquele velho ano.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif">- ...Sim. É importante preparo para o mercado. E saber capitalizar! Entender a energia que o move. Pouco rende a financeira, sem a intuição mental. Não por acaso, sempre escolho datas emblemáticas quando estabeleço um novo negócio, números simbólicos, ligações ancestrais. Faço mesmo um estudo extra estatístico, um mapa astral business!... - Dizia um obstinado empreendedor, desses que empenham em crendices seu sucesso. - ...Atitudes positivas colaboram muito. Manter a cabeça contra as dúvidas. O universo devolve o que você mentaliza! - Afirmativamente concordaram aqueles entorno dele, imaginando girar a Roda da Fortuna.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif">Daí certo indivíduo já embriagado antes da hora, a todos proferiu seu raciocínio etílico:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif">- Ei, pessoal!!... Quero falar o seguinte... - Quis parecer sóbrio, a espontaneidade desalinhava-o. - ...Um minuto de atenção!... A gente não pode se acomodar. O próximo ano é de mudança! - Cambaleou satisfeito, porém decepcionado com a solidariedade.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif">É evidente que dentre tantas razões este ritual se repita. Talvez homens e mulheres não se deem conta da misteriosa expectativa... As pessoas comemoravam o término daquele ano por terem vencido uma vez mais a morte, adiado para mais tarde o seu fim...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif">Então, pelos céus refulgem as estrelas cadentes dos fogos de artifícios, o ribombar dos rojões, todo espocar do foguetório. A varanda repleta, outros debruçavam-se nas janelas, saíram ao quintal de mãos dadas, abraçados felizes da vida, enquanto miram o céu profundo... Nisso espocavam champanhes, transbordaram taças tilintantes, batiam corações desejosos em realizar velhas esperanças...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif">De minha parte o que sinto, é que o amanhã será outro dia. E a certeza do sol que se levanta.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://4.bp.blogspot.com/-5q8m3-iZoM8/WjKG-0P7wGI/AAAAAAAAQjY/ExPn6FFCYq4r_uCk-CC-HgtATXZ6Y8r7QCLcBGAs/s1600/blog%2B%25C3%25A0%2Bmeia-noite%2Bdo%2Bnovo%2Bano.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="375" data-original-width="500" height="240" src="https://4.bp.blogspot.com/-5q8m3-iZoM8/WjKG-0P7wGI/AAAAAAAAQjY/ExPn6FFCYq4r_uCk-CC-HgtATXZ6Y8r7QCLcBGAs/s320/blog%2B%25C3%25A0%2Bmeia-noite%2Bdo%2Bnovo%2Bano.jpg" width="320" /></a></div>
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif"> </span></div>
URBAIN G.http://www.blogger.com/profile/09011536695424996883noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5870866401120850464.post-85706802616577159502017-04-13T06:31:00.001-07:002017-04-13T06:31:26.435-07:00CONTO PASCAL =====<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: x-large;"><b><span style="color: red;">P</span></b></span>elos dias da semana santa cristã vinha perambulando (nada de novo<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">)</span> quando deparou-se com um peixe morto na calçada, as escamas gratinadas ao sol, o olho seco vítreo, assado sob à luz outonal da cidade.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">Um feriado assinalado em cruz vermelha no calendário, ainda romano. Época de férteis ovos de páscoa em enfeitadas gôndolas comerciais, pratos a base de peixe e frutos do mar. Reportagens falavam boquiabertas dos preços, tanto como<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"> d</span>o sacrifício amargo de cada um para o doce consumo. A rep<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">rise</span> sádica da Paixão de Cristo nos canais de tv. Lotadas igrejas piedosos sermões, pregações extremadas. Desde o Natal o cordeiro primogênito de Deus havia sido cevado dos conhecimentos da vida rés, portanto estava pronto para ser servido à fé faminta. Despedaçado em cerimônia antropofágica, repasto de almas ávidas negociadas nas alturas por "Todos-Poderosos".</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">Nisso <span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">l</span>embrou do panfleto bíblico dos "Testemunhas de Jeová" entregue num cruzamento da avenida. Jazia no bolso da calça, graças ao seu sentimento politicamente correto, pois a senhora que lhe estendeu as divinas escrituras abrasava com o calor dourado do meio-dia... Nunca sabia o que fazer com as inutilidades, a instrução era que não se jogasse aquelas palavras na sarjeta. Considerando-se distante dessas coisas. Pouco culpado pelos reveses do mundo.<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"> </span>Até ele parecia caridoso, dando trocados aos pirralhos malabaristas dos semáforos. Onde <span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">s</span>aldava sua dívida egoísta.</span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-tD41MAmg3tw/WN2V3r3vjwI/AAAAAAAAO_A/5UChzC2E378E7hGrLmnTqaQmM_896A41gCLcB/s1600/conto%2Bpascal%2Bpeixe%2Bno%2Basfalto%2Burbain%2Bg%2Bem%2Bprosa%2Be%2Bverso.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://3.bp.blogspot.com/-tD41MAmg3tw/WN2V3r3vjwI/AAAAAAAAO_A/5UChzC2E378E7hGrLmnTqaQmM_896A41gCLcB/s320/conto%2Bpascal%2Bpeixe%2Bno%2Basfalto%2Burbain%2Bg%2Bem%2Bprosa%2Be%2Bverso.jpg" width="237" /></a></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">A</span>quilo é possível que fosse um sinal sobrenatural. Ele incrédulo diante do milagre, quando o peixe saltasse da calçada arredio e nadasse pelo asfalto seguindo o tráfego, a multiplicar-se e matar a fome insaciável... Acredite, nem tinha tomado tantos cálices assim. Embora uma pomba urbana arribasse duma luminária do poste da rua... Ah, morte inútil! Sem ressurreição.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">Mas não deixou de pensar naquele desperdício.</span><br />
<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
URBAIN G.http://www.blogger.com/profile/09011536695424996883noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5870866401120850464.post-81345345314464197052016-10-03T21:57:00.003-07:002022-01-12T09:19:51.715-08:00PLATÔNICO BUROCRÁTICO =====<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif"> <i>"(...)Sua carne estava sempre em brasa, e seu calor</i></span></b></span><br />
<i><span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif"> era contagioso. A mais fria das peles se aqueceria ao seu contato..."</span></b></span></i><br />
<i><span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif"> (Anaïs Nin)</span></b></span></i><br />
<br />
<br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">Requeiro para as boas intenções afins,</span></b></span><br />
<br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">do teu corpo lavrar posse, minha musa amada.</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">Enquanto caminhas satisfeita pelo quarto,</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">só vestida com a fumaça do cigarro,</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">a esmagar meu coração aos teus pés...</span></b></span><br />
<br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">Sem veleidades considerar o que fazes,</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">que o juízo alheio julga errado</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">a induzir-me igualmente em flagrante delito.</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">Contudo, tomo isto como um pecado abençoado</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">ao invés de lamentar por sequer tê-la tentado.</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">E uma única vez apenas infringir essa proximidade,</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">dizer ao teu ouvido maviosamente:</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">"Tua vontade é o que tu queres.</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">Nada mais pode sê-la proibido!</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">Não temas minha petição."</span></b></span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="color: purple;"><b></b></span></div>
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">Dar vazão à minha virtual obsessão predileta.</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">Te dar banho afagando-a de um modo indiscreto.</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">No entanto, confessas descuidada</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">suas paixões numa conversa.</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">Posa e se arruma</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">pro meu exercício literário.</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">Às vezes me repara</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">com seu olhar distraído,</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">conjeturas, beberica no copo</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">entre outras coisas etcetera...</span></b></span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-AgaXm_i9w68/V_MxhDAZ0TI/AAAAAAAANAg/kIXN8Qeg74Eq2pfiBYuxnmv5QUN4W1bpACEw/s1600/plat%25C3%25B4nico%2Bburocr%25C3%25A1tico%2Burbaingemprosaeverso.jpg" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://3.bp.blogspot.com/-AgaXm_i9w68/V_MxhDAZ0TI/AAAAAAAANAg/kIXN8Qeg74Eq2pfiBYuxnmv5QUN4W1bpACEw/s320/plat%25C3%25B4nico%2Bburocr%25C3%25A1tico%2Burbaingemprosaeverso.jpg" width="318" /></a></div>
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">Eu, platônico, outrossim, burocrático</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">te espreito na promessa de tê-la.</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">Somente por uns instantes</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">volúvel como só tu sabes</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">encobrir tuas falhas nos lençóis.</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">Que a outrem fá-los perdoar</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">pela saciedade dos teus beijos sumarentos.</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">Quanto a mim, basta o rumorejar da tua saliva</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">enquanto ri. Todavia, também sinto sede.</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">Dai-me de beber com um beijo.</span></b></span><br />
<br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">Assim eu te beberia a desfrutar</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">a embriaguez do teu cálice,</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">brindando na presença de todos.</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">Mesmo que testemunhos maledicentes</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">atestem a verdade que dou fé.</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">Ele é casado! - Tamanho escândalo</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">por causa de um beijo,</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">olhos fechados quando me convém</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">vislumbrar o oásis deste teu regaço.</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">Pois estou cego, dá-me a esperança desesperada</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">de constatar meu desengano.</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">Que mal há em ver aquilo</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">que não existindo</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">possa-se sonhar o engano?</span></b></span><br />
<br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">O que Vi? vi antes, não melhor nas outras.</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">Mas este encantamento que lhe sobra,</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">do qual me alimenta os restos.</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">Um tal fogo que não queima, porém se incendeia.</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">Esta ferida dilacerada, "muda e sempre".</span></b></span><br />
<br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">Não vejo como impedir o indulto</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">desse sentimento neste meu coração perjuro.</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">Quem culpar se no amor os culpados</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">são apenas vítimas consentidas?</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">Embora seja réu declarado</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">conivente da mentira.</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">Pretendo elucubrar meu sentimento sórdido</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">te amar bendizendo casta e pura.</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">Condenado castigo,</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">admitir mea ingênua culpa.</span></b></span><br />
<br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif"> Vicente de Carvalho, Outono de 1996.</span></b></span><br />
<span style="color: purple;"><b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif"> </span></b></span>URBAIN G.http://www.blogger.com/profile/09011536695424996883noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5870866401120850464.post-46000660963874267482015-10-06T08:24:00.001-07:002015-10-11T07:53:15.116-07:00O AMOR VENCEU... ========<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="font-size: x-large;"><b><span style="color: red;">Q</span></b></span>uem disse que o amor se deteriora ante as dificuldades cotidianas. Não para aquele casal de desvalidos. Apaixonados sob um pórtico neoclássico em ruínas, então contrariavam muitos litígios matrimoniais.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Alimentando seus modestos sonhos de vida doméstica. Viver para ser sua imperdível jóia rara. Que o sol e sal não fossem somente a paga do seu salário.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">- Je vie de bec, mon amour. Ironizava tendo aprendido dum programa humorístico da televisão.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Se davam ao luxo de contemplar uma noite de lua. Acreditando que os astros responsáveis por os unirem (ele pisciano, ela de Aquário) mudassem aquela sorte monetária.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Juntos, protegidos da chuva que lava caudalosamente as imundícies da sarjeta. Revolver o lixo à cata das sobras deliciosas. Um final feliz de novela pela tv da padaria da esquina. Ou o fundo musical num alto-falante do carro de propaganda gritando em pleno calçadão, no dia dos namorados:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">" Baby, sem você não dá!" - Trilha sonora acidental daquele idílio público. Cenário dum beijo inesquecível com sabor do seu anterior gole de pinga, embebido no gosto acre da perdida escovação dentária dela.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Pouco importa se as flores são achadas também murchas, num agrado que faz, sendo o amor quieto e suarento debaixo do abrigo de papelão ao rés da fachada duma agência bancária.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">E se lhes consomem as dúvidas. Caso não a quisesse feito um prato de comida. Entendesse que não fosse o homem da casa, nem tenha conquistado o mundo... Era crer o amor venceria tudo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Convicto da razão que só o coração conhece. Bem contrário a si é mesmo o amor.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-hKiHlV4kAsU/VhPnfUJXyvI/AAAAAAAAJlU/pfvuDkJpOg4/s1600/blog%2Burbain%2Bg%2Bem%2Bprosa%2Be%2Bverso%2Bo%2Bamor%2Bvenceu.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="277" src="http://1.bp.blogspot.com/-hKiHlV4kAsU/VhPnfUJXyvI/AAAAAAAAJlU/pfvuDkJpOg4/s400/blog%2Burbain%2Bg%2Bem%2Bprosa%2Be%2Bverso%2Bo%2Bamor%2Bvenceu.jpg" width="400" /> </a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
URBAIN G.http://www.blogger.com/profile/09011536695424996883noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5870866401120850464.post-29150830975015216262015-08-25T08:49:00.000-07:002015-09-08T21:19:01.892-07:00O PASSADO TE CONDENA =====<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Helvetica Neue", Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="font-size: x-large;"><b><span style="color: red;">R</span></b></span>etornado tanto tempo depois a sua cidade natal parecia um estranho. Havia também certa estranheza da vivida paisagem urbana. Prédios construídos sobre os antigos chalés de madeira. O coreto dos namoricos, o chafariz esguichante, o relógio digital do calçadão, extraviados décadas atrás. Embora o número de habitantes aumentara, se espalhasse nos rincões do lugar, pouco mudara de fato.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Helvetica Neue", Arial, Helvetica, sans-serif;">As mesmas figuras citadinas, seus descendentes vagueiam nas portas dos bares, malucos, alcoólicos, pedintes pelas mesas da calçada. E há noites lunares em que eles proliferam. Assim, um mendigo masturba-se ao olhar as periguetes que bebem incomodadas, energéticos e doces refrigerantes.. As portas dum Citroen prata escancaradas, vazando tunado hits do funk... Alguém expulsa o inconveniente, sem no entanto o sujeito largar os bagos entre as calças. Nisso o dono do bar oferece-lhe um melão e emenda a típica dialética do balcão.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Helvetica Neue", Arial, Helvetica, sans-serif;">- Fura esta porra, recheia, entendeu?... E depois come! Praga, some daqui!! - Abraçou desajeitado o fruto apodrecido. Sem dúvida tratava-se de um velho conhecido.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Helvetica Neue", Arial, Helvetica, sans-serif;">...Do nada surge aquela pessoa enigmática. Rompe a intimidade, o aprisiona num encontro de olhares curiosos. Se põe a sentar.</span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-1a0kzAw86hM/VdzkOdqm8II/AAAAAAAAJW4/OkHtyg63xzU/s1600/blog%2Bo%2Bpassado%2Bte%2Bcondena%2Burbain%2Bg%2Bem%2Bprosa%2Be%2Bverso.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://2.bp.blogspot.com/-1a0kzAw86hM/VdzkOdqm8II/AAAAAAAAJW4/OkHtyg63xzU/s320/blog%2Bo%2Bpassado%2Bte%2Bcondena%2Burbain%2Bg%2Bem%2Bprosa%2Be%2Bverso.jpg" width="300" /></a></div>
<span style="font-family: "Helvetica Neue", Arial, Helvetica, sans-serif;">- E aí, lembra de mim?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Helvetica Neue", Arial, Helvetica, sans-serif;">- Sei não...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Helvetica Neue", Arial, Helvetica, sans-serif;">- Tá vendo, o cara não se lembra mais de mim! - Critica amigavelmente. Era um antigo vizinho da infância, num dos bairros em que morou à época. Tenta trazer pela memória. Contudo, dissesse o nome não se recordava... Enveredara na senda do crime. Tráfico. Morte de policiais. Acerto de contas com iguais bandidos. Puxou anos de cadeia. Gostava muito, muitíssimo de mulher. Por isso preza a liberdade. Tem inclusive uma estátua no "criado-mudo".</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Helvetica Neue", Arial, Helvetica, sans-serif;">- Cadeia é você preso numa cela cheia de cão danado. Na secura... Querendo morder o rabo do outro.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Helvetica Neue", Arial, Helvetica, sans-serif;">Risca-lhe seu pensamento as brincadeiras de moleque repletas de traquinagens, pálida lembrança de inocentes perversidades da turma.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Helvetica Neue", Arial, Helvetica, sans-serif;">- Tem coisas que a gente não se lembra...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Helvetica Neue", Arial, Helvetica, sans-serif;">- ...Já pensou se você tivesse me devendo? - O tal ri entre uma nuvem de fumaça de cigarro Free Slims vermelho.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Helvetica Neue", Arial, Helvetica, sans-serif;">Tem problemas de insônia. Fuma em demasia. A bebida que parece ser sem exagero, serve como paliativo. Apenas um conhaque Domecq e danou a falar com a sobriedade dos embriagados. Do quanto a vida podia ser injusta. Difícil pra quem tem sentimentos. Laços de amizade. O valor de um proceder. E mais recordações que não consegue atinar.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Helvetica Neue", Arial, Helvetica, sans-serif;">- Você tem vindo sempre aqui...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Helvetica Neue", Arial, Helvetica, sans-serif;">O outro expressa surpresa no olhar.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Helvetica Neue", Arial, Helvetica, sans-serif;">- Trabalho na sala de segurança, lá em cima. - Aponta o 2º andar do prédio com vista para a calçada. Faço segurança à paisana. tenho visto pelo monitor do circuito de câmeras.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Helvetica Neue", Arial, Helvetica, sans-serif;">A conversa perdera o tom agradável.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Helvetica Neue", Arial, Helvetica, sans-serif;">- Nem acreditei quando reconheci.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Helvetica Neue", Arial, Helvetica, sans-serif;">- Não sou bom de memória.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Helvetica Neue", Arial, Helvetica, sans-serif;">Você era um sacana!...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Helvetica Neue", Arial, Helvetica, sans-serif;">- Faz tanto tempo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Helvetica Neue", Arial, Helvetica, sans-serif;">- Vai ver eu sou um cara, que as pessoas pouco reparam... A não ser para tirar um sarro. - Sua fisionomia bastante sinistra intimidava;</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Helvetica Neue", Arial, Helvetica, sans-serif;">Porque houve uma vez, se lembra, daquela inconsequente piada juvenil. Os rapazes brincavam com as espadas. Descobriam-se na sua masculinidade. O flagrante armado desnudou a cena, de contornos picantes na boca da vizinhança. Surras dos pais. Risos, humilhações. Até se esquecerem daquilo tudo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Helvetica Neue", Arial, Helvetica, sans-serif;">- Veja, você pode estar se confundindo... Tenta dissuadi-lo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Helvetica Neue", Arial, Helvetica, sans-serif;">- Sempre guardei fisionomias... A gente tenta deixar o passado pra trás.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Helvetica Neue", Arial, Helvetica, sans-serif;">A cerveja pilsen acaba. Esboçou chamar o garçom, sendo interrompido.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Helvetica Neue", Arial, Helvetica, sans-serif;">- Vamos acertar nossa dívida... Não se preocupe, já paguei tua conta. Agora preciso cobrar. - Deixa entrever dentro da jaqueta seu revólver.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Helvetica Neue", Arial, Helvetica, sans-serif;">Viu o copo vazio do último gole gelado. Depois mirou a rua, rutilante de constelações das luminárias dos postes, semáforos, luminosos do comércio, numa noite de repente estanque. Sequer almas-vivas...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Helvetica Neue", Arial, Helvetica, sans-serif;">- Pensa bem no que você vai fazer... - Nada o demove.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Helvetica Neue", Arial, Helvetica, sans-serif;">Talvez fosse uma travessa que passara algum dia. Forçosamente conduzia-se rumo à escuridão, sob uns manacás floridos. Subjugado num abraço hostil pouca chance teve de agitar-se, até a cutilada profunda de um punhal atingir suas vísceras.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Helvetica Neue", Arial, Helvetica, sans-serif;">Ao rés da sarjeta, no negrume extenso do asfalto. Do casario que se agiganta surreal. O mundo invertido adentra a retina. Lá adiante um gato pardo furtivo cruza a avenida nas sombras.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
URBAIN G.http://www.blogger.com/profile/09011536695424996883noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5870866401120850464.post-18757685378369253392015-05-11T00:08:00.000-07:002015-06-14T09:16:37.618-07:00ADORÁVEL MANEQUIM =======<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span style="color: red; font-size: x-large;">S</span></b>eu casamento perdera o encanto, confessou ele em uma das sessões iniciais no meu consultório. Até aí nada que causasse estranheza à análise da psicologia. Possibilidade de elaborar um diagnóstico.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">A cônjuge dominadora o prendia no lar. Controla seus passos, tenta ler seus pensamentos, quer ver atendida ainda mil exigências e gostos egoístas. Queixava-se ele. Ardentes "tapas na cara" e amargos beijos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Certa ocasião, dirigindo seu carro à noite pelos lugares da cidade encontrou Sheila. Embaixo dum poste mal iluminado, praticamente no lixo. Desarticulada e esquecida numa sarjeta.. Se sentiu tentado a pegá-la e levou consigo para casa. Muito embora faltasse um braço. Nem por isso deixara de ser bela a Vênus de Milo assim amputada. Providenciou um vestido emprestado da patroa. Ela já tão exposta na vitrine, nua na calçada. Sob o olhar admirado da clientela. Sheila, nome de batismo, como soube, era uma manequim de loja desempregada.</span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-0TL03EI5aHg/VVBJ2PD_NSI/AAAAAAAAJKw/LqR7j423cNA/s1600/ador%C3%A1vel%2Bmanequim%2Burbain%2Bg%2Bem%2Bprosa%2Be%2Bverso.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://1.bp.blogspot.com/-0TL03EI5aHg/VVBJ2PD_NSI/AAAAAAAAJKw/LqR7j423cNA/s320/ador%C3%A1vel%2Bmanequim%2Burbain%2Bg%2Bem%2Bprosa%2Be%2Bverso.jpg" width="163" /></a></div>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Passaram a conviver tendo a manequim, uma agregada da casa. Ele cuidava pessoalmente de Sheila. Trocava-lhe as roupas, punha lingeries de renda, acessórios femininos: sapatos, bolsas, pulseiras, colares, óculos, perucas, lenços, chapéus. Logo esbanjou a dar as melhores roupas e presentes surpresa, aspergia caros perfumes naquele corpo de plástico cor de pele. Interessou-se por moda fashion para vesti-la bem. Compartilhava posts nas redes sociais ao lado de Sheila, vestida em diferentes figurinos, poses, passeios, eventos.</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">- Você me completa, Sheila... Vão dizer que fiquei louco. - Revelou tomado num estado hipnótico. - Apaixonara-se por ela, a manequim. A mulher escandalizada sentiu-se traída por Sheila. Parte de um triângulo amoroso inusitado envolvendo o marido e aquela boneca. Um descaramento admitir o amor por outra, não bastasse trazê-la para dentro de casa.</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Sheila permanecia disposta pelos cômodos. No sofá, à mesa do jantar. Ouviam música juntos, singles e baladas românticas tragicamente veladas pela esposa enciumada. Justo a manequim, mulher ideal, companheira. Modelo sob medida. Presente nos momentos festivos da residência. Férias na praia.</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Quando decidiu a primeira vez passear em público de braços dados com as duas, a esposa ficou fula com semelhante perversão:</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">- Mas, eu não vou ajudar a carregar essa piranha! O senhor vai se virar sozinho. - E tudo terminava em desencontros. Disputavam mesmo as duas um lugar na frente do carro.</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Na companhia de Sheila, ele conseguia abrir o coração.</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">- Com ela consigo conversar. Sei que me entende, Doutor. Vejo isso nos olhos dela fixos em mim. E nem precisa dizer nada. - Justifica dramático recostado no divã. Sofria estar apartado naquela hora do objeto de seu amor, na ante-sala. Sheila o apoiava.</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">- Isso que o marmanjo quer, brincar de boneca?... É ela, ou eu!! - Alguém era demais naquele relacionamento. Se a mulher não fosse tão tirana. Trocaria de vez a manequim pra estar com a esposa.</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Imaginou que a manequim havia sido moldada num corpo de mulher verdadeiro e nele ficara a essência feminina, ganhando vida nos seus braços. A sós, sentiu-se estranho ao vê-la no banho quente. Seu corpo de plástico, tépido.</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">- Ah, aqueles mamilos duros!... - Deleitava-se ao mencionar os predicados. - A curva firme do seu traseiro... Sem palavras, Dr.</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Uma tarde a mulher flagrou o infiel... Deliciava-se!! Prazer de fazer inveja.</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">- Eu já vinha desconfiada dessa afeição pela boneca... - Constatava a traição consumada. Tanto lamentou não ter uma máquina fotográfica naquele instante. Livrara-se dum processo por danos morais.</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Rejeitou qualquer terapia curativa. A argumentação de necessitar relacionar-se com pessoas de carne e osso. Seria Sheila projeção da esposa que sonhara... Queria se entender. Tanta gente destina seu afeto a um bicho de estimação, que quer bem. Um pop star que jamais vai conhecer além dos posteres, um toy virtual numa tela de computador... Por que não Sheila?</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Pediu o divórcio, temia ser acusado de bigamia.</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
URBAIN G.http://www.blogger.com/profile/09011536695424996883noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5870866401120850464.post-56235063505138212222014-11-10T21:06:00.001-08:002014-11-10T21:06:36.228-08:00ONIPRESENTE ============<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #674ea7; font-family: Courier New, Courier, monospace;"><b> Há alguém</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #674ea7; font-family: Courier New, Courier, monospace;"><b> Que me olha</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #674ea7; font-family: Courier New, Courier, monospace;"><b> Lá de cima...</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #674ea7; font-family: Courier New, Courier, monospace;"><b> Em órbita</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #674ea7; font-family: Courier New, Courier, monospace;"><b> Meus atos.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #674ea7; font-family: Courier New, Courier, monospace;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #674ea7; font-family: Courier New, Courier, monospace;"><b> E não é a onipresença</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #674ea7; font-family: Courier New, Courier, monospace;"><b> De tal Deus,</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #674ea7; font-family: Courier New, Courier, monospace;"><b> Mas o zoom</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #674ea7; font-family: Courier New, Courier, monospace;"><b> De um satélite denunciante.</b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-1xxiB0Ox_wY/VGGXrq0fhOI/AAAAAAAAH-A/ghqldcgO--4/s1600/rua%2Btimbiras%2Bsat%C3%A9lite%2Bitapema%2Bsp.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-1xxiB0Ox_wY/VGGXrq0fhOI/AAAAAAAAH-A/ghqldcgO--4/s1600/rua%2Btimbiras%2Bsat%C3%A9lite%2Bitapema%2Bsp.jpg" /></a></div>
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><br /></span>URBAIN G.http://www.blogger.com/profile/09011536695424996883noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5870866401120850464.post-78760977853881206082014-11-10T20:54:00.000-08:002015-01-12T07:10:20.837-08:00FÉ PÚBLICA ============== <div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><span style="color: red; font-size: x-large;"><b>D</b></span>ebaixo dos céus, a cidade fervilha de suas gentes. Inclemente sol por testemunha celeste neste trabalho dos dias. Em seu coração conflitam percorrendo as artérias congestionadas. Os subúrbios apascentados, ruminantes da sina cotidiana.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">Houve que um avião ao tentar aterrissar na precária pista do aeroporto encalacrado no tecido urbano fez tremer, abalou as estruturas quando arremeteu desesperado passando próximo, num voo rasante sobre o teto da Casa do Povo. Vindo abaixo o enorme crucifixo pendente na parede do Parlamento. Num Deus nos acuda!</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-_mYcfi8as4k/VGGLtqva97I/AAAAAAAAH9w/fjHbe2HyrfQ/s1600/c%C3%A2mara%2Bde%2BguaruJ%C3%93%2Bsp%2Bfoto%2Bluiz%2Btorres.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-_mYcfi8as4k/VGGLtqva97I/AAAAAAAAH9w/fjHbe2HyrfQ/s1600/c%C3%A2mara%2Bde%2BguaruJ%C3%93%2Bsp%2Bfoto%2Bluiz%2Btorres.jpg" height="218" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">Naquele nobre edifício, no qual no momento da catástrofe importantes debates legais estavam em curso. A reforma da moral municipal. Enobrecer o sentimento cívico. Por decreto das boas ações: doenças, mendicância deviam findar já, ao transcorrer da esferográfica.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">Surpreendidos deram fé duma triste realidade. Do falatório hão de mover fundos e mundos como por milagre, até anjos doravante pousariam em visita...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">Talvez por isso mesmo, este semi-deus secularmente convalescido, ele próprio aguarde socorro dependurado por pregos nas salas de espera dos hospitais.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">Pensadores confabulavam entre si. Pelas esquinas fomentam idéias a voz popular queixosa. Àqueles ciosos da ajuda divina... Pra quê tantos deuses? Que só sabem ouvir as razões do Estado. Quando seu corpo de sacerdotes se calam convenientes ante o clamor da praça pública. Concubina perdulária da República. Querem apenas o conformismo. Nada duvidar. Impor às mulheres escravidão moral e aos homens indigência política. A manipular a fé e os dons. Oferecer o império inalcançável das divindades. Qual a serventia de um deus que não pode ser visto ou alcançado? Deuses refugiados nos espaços siderais, fabulosos profetas em páginas de papel ao apetite voraz das traças do tempo...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">Erguidos palanques já não é a Constituição, mas a Bíblia que os governam. Obra do Arquiteto maior!? Bradam versículos, empobrecendo os direitos dos cidadãos. Em Cortes de Leis, magistralmente a espada da Justiça paira acima das cabeças e a balança pende nas mãos dos Juízes confundindo-se com a suposta Lei divina.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">Vive a cidade seu opróbrio existencial... Ai de ti, urbe!! Por entregar tua vida a tutela de um rei estrangeiro mortificado. É na Terra, e não fora do planeta que se regem destinos, faz-se escrituras. Pois, só no paraíso as ruas são pavimentadas com ouro, sarjetas de platina e cada qual tem sua morada, sendo a luz o alimento. </span><br />
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">Reza assim o contrato, das coisas terrenas é com César eleito que se trata.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> </span></div>
URBAIN G.http://www.blogger.com/profile/09011536695424996883noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5870866401120850464.post-91376151340071774682014-08-19T12:02:00.001-07:002014-08-19T12:02:39.685-07:00EU & ... ================<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-Bd95YGk4Rg8/U_OdBJjwA4I/AAAAAAAAH1E/bhwT9eNujTQ/s1600/cara-metade%2Burbaing%2Bem%2Bprosa%2Be%2Bverso.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-Bd95YGk4Rg8/U_OdBJjwA4I/AAAAAAAAH1E/bhwT9eNujTQ/s1600/cara-metade%2Burbaing%2Bem%2Bprosa%2Be%2Bverso.jpg" height="221" width="320" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><span style="color: #bf9000;"> </span><span style="color: #134f5c;">Teu beijo,</span></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #134f5c; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b> Coração pela boca</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #134f5c; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b> Me revela</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #134f5c; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b> O vazio habitante</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #134f5c; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b> Dentro de mim.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #134f5c; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b> Meu Eu quer</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #134f5c; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b> Completar-se</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #134f5c; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b> Em Ti.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #134f5c; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>URBAIN G.http://www.blogger.com/profile/09011536695424996883noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5870866401120850464.post-9024614252867213082014-08-19T11:46:00.001-07:002015-05-18T22:54:32.443-07:00MEDÉIA URBA[i]NA ==========<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><span style="color: red; font-size: x-large;">M</span></b>ãe, nem encoxada no tanque! Para os mais complexados Édipos antiquados. Fulana vivia uma tragédia pessoal. Até de figurar nas matérias dos noticiários baratos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Naufraga numa mesa de bar. Mateus, chora a seus pés à deriva, enquanto uma irmã grata tenta demovê-la daquela tonteria e cuidasse da criança que acabara de trazer para embalar.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Tá certo isso? Você aí ao invés de cuidar do filho.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- É problema meu!...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Tu quer dar fim ao infeliz.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Que se dane!... Já era. - O que são só palavras, quando malditas...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O fruto com outro homem, daquele que crava punhal no peito tatuado impedia que fosse feliz, por certo, com seu Amásio que o rejeitava. Incapaz dum afeto.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Pra ficar comigo tem de ficar quite. - No seu achar leonino.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Mateus olhava em sua inocência espantada. Qual ódio despertaria suas brincadeiras... O "puta-que-o-pariu" sobre a mesa, seu brinquedo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Jogou com severidade a criança numa cadeira a fim de aquietá-la. Praguejava ter de carregar o menino.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Por que não dorme, hein?... - Como poderia haver tanto desamor naquela mãe? Toda sua indiferença por aquela semente do coração antes ferido. Era fazer vingar, mesmo regada em sangue, a flor de amor do Amásio.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Isso é jeito de tratar um filho.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Não tô nem aí. - Pois sim, descobriu quando teve o filho abrigar verdadeira impaciência pela aporrinhação dos pirralhos. Sugou-lhe o pouco das formosuras do corpo judiado. Se soubesse teria abortado... Alguns pensamentos causavam medo. Queria curtir, aquele "dar mais do que chuchu na Serra", viver o jardim das delícias.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Segundo o Amásio, um banana quando quer, tudo aquilo era arranjo dela. Obrigava que o tal pagasse um pirulito para adoçar Mateus.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Pensa que é só parir? - A irmã condenou, e não seria a primeira pedra, deixando a birosca.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Ao sabor da maré, o infantil, descalço pelo ladrilho do estabelecimento, como se fosse seu playground.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-3pTrcUB00jk/U_OaFIJse0I/AAAAAAAAH08/fHnfhO7gauw/s1600/med%C3%A9ia%2Burbaina%2Burbaing%2Bem%2Bprosa%2Be%2Bverso.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="309" src="http://3.bp.blogspot.com/-3pTrcUB00jk/U_OaFIJse0I/AAAAAAAAH08/fHnfhO7gauw/s1600/med%C3%A9ia%2Burbaina%2Burbaing%2Bem%2Bprosa%2Be%2Bverso.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Vamos, Bem... Deixa Mateus por aí mesmo. - Brinca mordazmente sincera. O rosto de Mateus se desfaz numa quase lágrima. Nem todo seio é próprio para toda boca.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Daí se demove da idéia. Que se curasse da saciedade dos desejos, deu um último gole... Não queria criar um "Caso de Família" com as Autoridades. Engancha o rebento nas partes da roupa e leva a cria. Ele ainda valia uma Pensão Alimentícia.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> </span></div>
URBAIN G.http://www.blogger.com/profile/09011536695424996883noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5870866401120850464.post-90019894841298936642014-06-20T20:37:00.001-07:002014-06-21T11:16:20.777-07:00PARADOXO ============<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-qo8h0VQU2XY/U6T2OdPncaI/AAAAAAAAHZc/7aLzgBdW-9U/s1600/homem+a+medida+de+todas+as+coisas+urbaingemprosaeverso.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: right; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" closure_lm_757522="null" src="http://2.bp.blogspot.com/-qo8h0VQU2XY/U6T2OdPncaI/AAAAAAAAHZc/7aLzgBdW-9U/s1600/homem+a+medida+de+todas+as+coisas+urbaingemprosaeverso.jpg" height="320" tta="true" width="286" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<br />
<br />
<strong><span style="color: #3d85c6; font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="color: #0b5394; font-family: Verdana, sans-serif;">O Humano demasiado,</span></span></strong><br />
<strong><span style="color: #0b5394; font-family: Verdana;">matáfora do Universo</span></strong><br />
<strong><span style="color: #0b5394; font-family: Verdana;">sobre todos nós.</span></strong><br />
<strong><span style="color: #0b5394; font-family: Verdana;">Medida imprecisa</span></strong><br />
<strong><span style="color: #0b5394; font-family: Verdana;">das coisas.</span></strong><br />
<strong><span style="color: #0b5394; font-family: Verdana;">Maravilhoso</span></strong><br />
<strong><span style="color: #0b5394; font-family: Verdana;">e perverso,</span></strong><br />
<strong><span style="color: #0b5394; font-family: Verdana;">condenado por suas</span></strong><br />
<strong><span style="color: #0b5394; font-family: Verdana;">justas razões.</span></strong></div>
URBAIN G.http://www.blogger.com/profile/09011536695424996883noreply@blogger.com0