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quarta-feira, 31 de março de 2010

MESSIAS =================

Por uma dessas ironias, Ele nasceu no dia 25 de Dezembro e a mãe deu-lhe como nome a alcunha do Menino-Jesus. Batizou-lhe Messias.
Galhofava dizendo-se filho do Espírito Santo. De fato o pai verdadeiro tinha este sobrenome, um soldado fanfarrão que passara a perna naquele que se tornou então seu padrasto.
Quando jovem ficava horas enfurnado na Biblioteca Pública... Santo homem, as vezes pensava filosofar, pois atormentava-se por não compreender o mundo. Se todos são pela fraternidade, por que de tanta miséria? Atrocidades para com o próximo nessa luta cotidiana. Ou é tudo um jogo de aparências para camuflar a mesquinhez humana, sob a lei de Darwin-capitalista...? Somos vítimas de uma injustiça, mas esta é proveitosa aos outros e se torna justa para eles. No sentido de deixar as coisas como estão, ainda que haja uma injustiça. - Eram seus pensamentos altruístas muitas vezes expressos em palavras embebidas em álcool:
- Gente, dá licença, vou dizer uma coisa bonita... Amor. - Então proferia seu depoimento pessoal cheio de lágrimas e sentimento.
Em qualquer direção dos pontos cardeais podia ver dor, sofrimento. Pretendia salvar as pessoas de suas atribulações. Daí entregar-se ao vício e viver numa errância pela cidade a anunciar a fundação de uma colônia prometida Nova Nazaré, enquanto percorria as ruas com o velho carrinho à cata dos tambores de lixo.
Devotava todo seu amor a uma prostituta que por uns trocados masturbava-o castamente... Santa caridade aquela!
Na súcia de bêbados, Messias era o maioral. Não queria jamais que afastassem dele o cálice. Sua maior frustração sempre foi não conseguir transformar água em vinho. E a sombra da lua fazia sua peregrinação a "encher a cara" de bar em bar.
Apareceu morto entre as sucatas depois que passou a questionar a Diretoria da cooperativa de material reciclável.