Uns girassóis no canteiro da avenida
Incongruentes dourados na paisagem urbana,
Semeadura de beleza em meio às pedras.
Tuas pétalas tingidas de poluição,
Exalas inconcreto perfume...
Ramalhete de um amor impossível.
Ao sabor da aragem dos automóveis velozes,
Sob a chuva melancólica desses dias.
Emolduram a miséria dos desvalidos
Viventes do lixo.
Logo ali, uma velha que acompanha sua solidão.
À meia-noite outra ronda desconfiada dos policiais,
A fina flor dos malandros, herdeiros pixotes
Habitantes das sombras.
Na esquina despetalar-se a dama da noite,
Tudo em vão...
Urbanos girassóis a enfeitar
A fealdade do mundo.