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sexta-feira, 20 de junho de 2014

"JÁ TE FALEI, MALANDRAGEM!..." =====

O cara dizia que me daria uma letra. Descolado num monte de mutretas, quásquásquás!... Vire e mexe tomando sacode.
Eu filmo ele. Tou de olho na "fita" dele. Eu manjo o figura. No bairro que o viu crescer, sabiam da sua real possibilidade. Mas ele achava que tinha talentos e podia mais... Nada disciplinado, pelos campos da várzea por "canelar" a vida se via um craque do futebol e nisso alimenta seus ingênuos sonhos de sucesso... Aquela puta sorte!
Da escola aprendera alguma leitura, porque quem ensinava o proceder eram as leis do mundo. Acostumado nadar contra a maré, contudo se sentia um peixe fora d'água... Mangueia sua existência pelo cotidiano dos bares e recantos urbanos.
Deu uma espiada no tablóide popular gratuito da barbearia, afim de conferir o Caderno Policial e os entreveros da "Família"...
- ...Na cadeia tem uma placa assim, morô: "Carceragem - Não entre."... Só se o bandido não soubesse ler! Como alguém quisesse perder tempo ali!? - Oportunidade para refletir suas máximas e dar aquela boa olhada na "gostosa" estampada numa das páginas, demais amarrotada por passar de mão em mão. Entediado da punheta vendo vídeos pornôs pirateados.
- Hoje tem navio, malandro! - Alertava os trutas na sbórnia sobre a estiva no Porto. Mas ele está pronto mesmo era prum "avião". Naquele dia nenhum teco... Dispara na velha bicicleta esquivo da averiguação das viaturas. Uma vez na mente se livra do flagrante, sem muito dispensar...
O negócio dele era garantir o seu. Ainda que não lhe dessem um centavo. Todavia, nem por bancar o esperto, lhe sobrava tanta esperteza. 
Sabe que põe o pescoço à risco. Chega apresentando uma jóia num embrulho, dizendo que é ouro e vende a preço de banana. Quem quer comprar ouro de tolo?... O dono do bar percebendo ser verdadeiro, diz ao cujo que aquilo é bijuteria. Golpe do malandragem acostumado nessa. Só pra comprar a dita fácil, não vale pois quilate... O marginal vira-lata passa a mão nuns cobres garimpando seu quinhão. Garantido o salário, vendeu barato o otário que a palavra não tinha valor.


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