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sábado, 2 de fevereiro de 2008

Hhusayn =================


Hhusayn sabia ser a mesquita o único lugar, até aquele momento, protegido dos bombardeios americanos. Acuado buscava guarida nas paredes de mármore esculpido, descanso no granito escuro da laje fria. Enquanto o sol dos mísseis explode fulgurante noite adentro e a sirene anuncia nos quarteirões o serafim da morte.
"Vinde para a prosperidade." - Recitava o muzaim. O rebab entoa convidando evadir sua alma do corpo. Há muito perdera sua fé a despeito de toda tradição familiar. Por que as dádivas de Alá eram nada sob o fogo inimigo? Parcimônia para a ira de Saddam. Fazendo das ruelas ao amanhecer deserto de escombros, chamas, regurgitando corpos famélicos das ruínas. A tornar ele próprio um estrangeiro...
E tendo-se afugentado os passarinhos entoam as mães seu choro palro a socar o peito. Numa terra devastada de um deus refugiado no oásis celeste. Dirijem-lhe orações, cada combatente a pedir que Deus esteja do seu lado. Uns pelo Islã, outros pela "Liberdade". Porém, este a tramar diabólico favorece quem bem entende.
Hhusayn olha do pórtico incólume os rolos de fumaça sobre Bagdá, quando a brisa prende à coluna um dos muitos panfletos lançados propondo "a pax do império yankee".


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