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terça-feira, 5 de outubro de 2010

DIREITO ESPERNIANDIS =====

Pela tv ele asssitia desolado as imagens de um povo perplexo. O que seria de direito tornar-se crime, porque desagrada governantes. Quando a postura ideal do cidadão respeitável é sofrer calado. E toda falácia do Estado resumida em pontapés, cassetetes, bombas, como argumento destes astuciosos "Homens de bem". Os quais prometem nas urnas ouvir o clamor das ruas, e depois se rendem ao discurso institucional da falta de verbas. 
Ao olhar em derredor sua alma atribulava-se. Um sujeito sem ideais ou grandes possibilidades. Homem de dons, mas sem meios. A velhice ia chegando e no inventário desses 38 anos, lembranças desagradáveis. Aquele metro quadrado de chão que nem era seu. Certa felicidade que não lhe cabia...
Desde jovem ensinaram-lhe que deveria prevalecer o livre pensar à força bruta, ter princípios honrados. Porém,  logo viu que aquilo era mera tapeação imposta a trágicos palhaços... Ele e o patronato sempre viveram às turras. Não havia empresa que se firmasse. Bastava algumas reivindicações para descartarem o inconveniente incitador. Doutra feita numa passeata foi jogado de cara no asfalto quente... Ironicamente a Liberdade demarcava limites! Da última vez num protesto fora inclusive indiciado por formação de bando. No julgamento, o meritíssimo sentenciou como pena alternativa que lavasse o Monumento da Independência no centro da cidade. Aí então, conheceu a justeza da lei. A razão estava com eles, contudo a verdade pertencia aos fascínoras. Nós somos os asnos que conduzem a carruagem da História, alguns tal cães haverão sempre de ladrar. Acaso temos rédeas do nosso destino?
Estacionou à margem, no escasso pasto da existência. Sua tese consistia em que ignorando o sistema este ruiria. Ele bem merecia viver dias tranquilos na sociedade caótica. Preocupado apenas com seu time do coração. Sem falsos heróis, nem pátria... A vida um deserto árido.

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