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sexta-feira, 11 de novembro de 2011

O GLAMOUR DE CÉLIA ======

Célia quando jovenzinha possuía núbeis peitinhos empinados, insinuantes quadris, a pele aveludada num corpo sinuoso. Naturalmente uma preciosidade feminina, de fazer despertar o sentimento pedófilo na mais puritana das mentes masculinas.
Até quis ser dançarina de programa de auditório, sonhava com os astros da televisão colados nas paredes do seu quarto...
"Você jogou fora
 o amor que eu te dei,
 o sonho que sonhei..." - Tocava o aparelho de som a fazer duo com ela.
Nos concursos da cidade, no palco da pracinha todos os olhos voltavam-se para tão invejáveis atributos feminis. Ao que a danadinha requebrava com maior volúpia na intenção de ser descoberta por um desses empresários artísticos. Ela capaz nem desconfiasse que seria o motivo secreto de rios de esperma ejaculados por jovens e velhos. Mas aquilo de glamour não era para ela, num revés do destino escapou-lhe...
O tempo passou, Célia vive na sua cidadezinha. Casou e foi abandonada com três filhos pelo marido... A primeira vez aconteceu na festa de 15 anos, o fálico presente dele tornou-se futuro no inchar daquele ventre delicado.
Aos domingos ia a casa da mãe. Lá sempre tinha almoço farto e algum falatório, evidente. Apesar dos reiterados conselhos, contradizia com insensatas certezas e mostrava-se dona de uma sorte ingrata. Estranhamente se sentia no alto duma montanha, sem caminhos novos por onde seguir e lá embaixo a vida sem novidades.
Célia passa pela rua a arrastar os filhos. Hoje só não causa indiferença pelo mal jeito cômico com que trata as crias. Nem o padrasto "seca-lhe" mais à procura das formas nubentes. Está acima do peso e já nem sonhava mais, vive cheia de pesadelos.

Um comentário:

leonel disse...

cara!! é uma prosa séria...é a verdade nua e crua!