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segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

A FÉ INCENDEIA MONTANHAS =====

Descrente das campanhas evangélicas e de ser tiéte de padres artistas, Bárbara decidira voltar as raízes religiosas da ancestralidade afro-indígena.
Sua fé renovada resolveu apelar para algo mais ligado às forças da natureza, por contemplar o sentimento ecológico vigente.
Conselheiro, Dr. Honoris causa das doutas ciências esotéricas & afins, recomendara um trabalho na mata.
Pouco antes da meia-noite, acompanhada de Conselheiro e dois jovens "cavalos" necessários para a cerimônia, embrenharam-se no mato a fim de fazer o despacho.
Servida a ceia eucarística com farofa e uns bons cálices duma garrafada de raízes visionárias, Bárbara acendeu tudo quanto é tipo de velas para o guia de luz. Caboclos, caciques, enxergavam perfeitamente a nudez da pomba-gira naquele lume. Enquanto ela saracoteava febril, tomando passes buliçosos e entregue aos delírios do ménage espiritual. A lança guerreira e o tacape rijo invocavam na noite gozar as dádivas terrenas... Saciados da incorporação divina largaram lá as oferendas como presente às entidades da floresta.
Pela manhã durante o café, surpreende-se com o plantão extraordinário da tv:
"- Interrompemos nossa programação para informar, que um incêndio de proporções alarmantes, neste momento, põe em risco a Reserva Florestal do Teiú..." - O repórter abordo num helicóptero, mostrando as imagens do sobrevôo pela área queimada. Só foi o tempo de um exclamativo putz!... E Bárbara engasgar com o café.
 

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