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segunda-feira, 12 de abril de 2010

À DURAS PENAS ============


Naquelas horas de desespero Ele bem sabia quanto o amor poderia ser ingrato e pior, cruel. Acuado na cela com tantos olhares perversos em cima dele, Romeu experimentava o asco de uma intimidade tão próxima. Ele que nos tempos de passeata estudantil amou os desfavorecidos e as multidões.
Preso pelo desamparo da pensão alimentícia do filho sentia na pele e no orgulho a vingança da mulher. Que o alcançara com a estranha mão da Justiça. Talvez se tivesse dado ouvidos à mãe, jamais teria um conluio com aquela desqualificada. É... Por trás daquele perfume todo que ela usava, a sogra farejara o fedor. Agora entregue a sentença diabólica da ex, Romeu via o inferno se avizinhar. Decerto ela não desconhecia o purgatório que era a cadeia... Infeliz condenava-se pela insensatez.
Logo que chegou rasparam-lhe a cabeleira, ícone de sua rebeldia. Discursou sobre a solidariedade. Quis se entrosar não teve jeito. Tinha as costas doloridas pelo peso da faxina... Ele que nunca lavara um prato em casa!
Mas o auge da sua degradação estaria por vir. Num sorteio não muito honesto ele havia tirado o grande prêmio. Numa noite de gala, conhecida como "A festa da Jane" fora eleito a noiva de todos. Um amor odioso, sem juízo o fizera refém.
Vestido rasgado, maquiagem borrada, Romeu ajoelhou-se entregue e impotente às agruras das paixões violentas.


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