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sexta-feira, 30 de abril de 2010

NOVOS TEMPOS ============

"Fiz o melhor e assim me pagam! Querem se livrar do burro velho..." - As resoluções do sindicato deixavam Queixada atordoado. Cada qual por si, tirando o seu da reta. Já não confiava mais em ninguém. Garantia para alguns enquanto para ele o resto, a culpa.
- Gente... Precisa se adequar ao novo esquema. É a modernidade que tá aí! Vamos negociar. - Era um dos diretores da mesa querendo conter os ânimos.
- Deixa o paletó no cabide e vem trabalhar! - Gritou alguém na assembléia. O riso foi unânime. Mais uma daquelas e a diretoria evacuava o recinto.
- Leviandade, companheiro! Não admito insinuações baratas... Tá no acordo. Haverá oportunidade de outra colocação, treinamento... Senão, põe o dinheiro no bolso. - Nunca foi tão fácil, pega ou larga. Manteriam a mobilização da categoria, falsa solidariedade daqueles que asseguraram seus empregos. Manifestações, discursos, palavras de ordem... No final a certeza do vire-se quem puder.
Aquele Porto que era seu seguro parecia agora o mangue movediço. A vida pesava-lhe mais que a sacaria no embarque. Que culpa tinha ele  se o botão substituíra a força bruta? Não que fosse contrário ao progresso. Na sua casa também o moderno havia entrado: micro-ondas, celular, computador e dvd faziam parte da família. Porém, conquistara com o suor do seu emprego.
Queixada sabia, mesmo que ensinassem o be-a-bá onde arranjariam botão pra todo mundo? De que serviria o fulano quando a máquina é melhor?... Pois não se cansa e nem reclama.

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