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domingo, 30 de maio de 2010

A DONA DO CHAFARIZ ======

Maltrapilho, as esperanças de amor para ele definharam. Todavia, por obra do destino possuía nos braços a misteriosa amante. Envolvidos pelo silêncio noturno da praça, sob a penumbra azulada do monumento.
Corpo singularmente talhado, ela se deixa acariciar lânguida, os mamilos rijos, entregue à mão buliçosa nas ancas firmes. Sussurrados gemidos a confundir-se com o  plangente arrulhar dos pombos. Sem se incomodar com o seu roçar imundo das sarjetas, nem ele com o suor limoso da pele dela. Naquela estranha conjugação ambos pareciam fundir-se.
Inúmeras ocasiões atravessou-lhe o caminho, sem jamais notá-la. Nesta noite única era como se ela sempre o aguardasse e estivesse ali a oferecer seus doces préstimos. Bêbado, tudo que lembrava foi ter tropeçado aos seus pés.
Estremeceu ao deflorar o vão casto entre as pernas. Satisfeito beijou-lhe o sorriso fixo, enquanto a ninfa de bronze repousava despida no véu de águas do chafariz.

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