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quarta-feira, 18 de agosto de 2010

EXTERMINADOR DE BARATAS =====


Sua existência medíocre e aquele itinerário todos os dias no ônibus lotado tornara-se um calvário. Como se caminhasse numa só direção, sem sentido. Seus planos de vencer esbarravam nos desacertos da pátria e nas pessoas. Passou a odiar os suspeitos daquela sua condição, os rostos sonolentos de sempre no caminho do trabalho. Era dedetizador.
Naquela manhã poria ponto final drástico aquilo... Havia o retirante nordestino que proseava a viagem inteira sobre as suas aventuras no forró. Considerava absurdo que essa gente largasse a terra natal pra se aglomerar na cidade grande, sem controle de suas crias assassinas...
"Lá no sertão não passavam de uns fantasmas esquálidos. Aqui querem ser os espertos lambendo botas no emprego." - Alguns tinham sorte até demais, repercutia em seus pensamentos. Saboreava consigo fria vingança...
Logo entrou a bicha manicure abanando-se afetadíssima. Tinha um ar assustado temendo qualquer tipo de manifestação. Ele conhecia bem aquele tipo. Que sonha com a liberdade de gozar loucos prazeres, mas no fundo não passa de um hipócrita moralista. Condenando nos outros a mesma feiúra dos seus vícios...
"Ele pensa que eu não noto quando estou em pé nesta merda, vindo pra perto esfregar as nádegas nas minhas coxas."
Escorria-lhe o suor pela testa. Mãos trêmulas nos bolsos da jaqueta, afoitas em prescrever a sentença... Mirou na cadeira ao lado o protestante. O sujeito folheava uma bíblia numa falsa atitude compenetrada, de olho no decote da colegial sua vizinha...
"Escroto... Peca o dia inteiro pra depois pedir misericórdia aos pés da cama, certo do perdão..."
A campainha de parada zunia em seus ouvidos. Prendeu a náusea na garganta, o burburinho dos passageiros vinha ecoante... Seu povo carecia de purificação. Não teve dúvidas seria o serafim algoz, já que eles não estavam dispostos a mudar o sistema. Sacou da pistola que trazia cumprindo o holocausto...

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