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sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

LINDAURO ================


Quando conhecí Lindauro este muito me lembrou as disformes personagens da Literatura. Os deformados carismáticos criados por victor Hugo, Paer Lagerkvist e tantos outros. Destas misturas singulares compostas de meiguice e rusticidade.
As feições judiadas pela natureza, ou melhor dizendo, pelo coice de uma mula barranqueira na infância dava-lhe aquele aspecto abaulado. Seu falar um tartamudeado de sons, palavras dissonantes que ele utilizava como conversação. Não entendia-se bulhufas, o diálogo era deduzido. Ao comer percebíamos a confusão de dentes que tornou-se sua boca dilacerar os nacos de carne. Se pilheriavam dele, incapaz de contestar, ria bisonhamente de si próprio.
Mas, Lindauro em nada demonstrava desgosto. Dia após dia emergia dos entulhos da obra para o trabalho com um tremendo vigor, capaz de mover montanhas. Invejei-o diversas ocasiões. Jamais ouvi reclamos seus. Pois são felizes os parvos, rebentos imunes aos dilemas existenciais. Seguia cordato o roteiro que Deus fizera para ele.
Depois de uma semana árdua punha a melhor roupa, indo perambular nas portas da zona de meretrício atrás da felicidade. Que ele sabia colher por baixo das peças íntimas das prostitutas.

Um comentário:

Maria das Neves Marques de Araújo Silva disse...

Boa noite, Urbain.

Parabéns!Gosto do que você escreve.Tem uma experiência fantástica!

Abraços,

Neves Maria.