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terça-feira, 24 de maio de 2011

CAXIAS ==================

Caxias por imposição da mãe foi prestar serviço militar num Forte do Exército. Tentou fugir jamais quis se alistar. Não porque não quisesse lutar, o que renegava era aquela farda.
- Não quero bater continência, mãe... Me rebaixar pra outro igual.
- A pátria te chama, meu filho. - Dizia a mãe gentil.
Seu aspecto demente fazia dele vítima constante da sandice de Tenentes e Cabos. Nas simulações de combate, enlameado, cheirando à urina e massacrado por uma torrente de socos e pontapés deixava-se delirar ruminante...
"De que serve a infantaria senão, dar vazão aos instintos assassinos e inúteis aspirações heróicas. Tornar o outro na trincheira oposta nada mais que a encarnação do mal. Nos fazer odioso juiz, réu confesso e testemunha impotente da nossa miserável condição humana..." - Tudo fruto de suas leituras e conversas com os amigos nas farras noturnas. - "Se digo isto, sou tomado por idiota. Que o recruta não deve se ater as idéias, mas ao alvo. Como se tivéssemos nascido para matar, ou morrer enganados".
- As "moças" pensam que uma guerra é brincadeira de bandido e mocinho? Que estão aqui para serem soldadinhos de chumbo!... Não finja ser um soldado. Seja um! - Lembrava o Coronel com rigor sádico.
De sentinela numa madrugada Caxias dormiu sentado, o dedo preso ao gatilho do fuzil. Um outro soldado de campana logo acima fumava seus cigarros. Teve um pesadelo medonho, forças inimigas acossavam seu pelotão... No auge da perturbação do sono, Caxias premiu o gatilho atingindo o companheiro no rosto.


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