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terça-feira, 22 de junho de 2010

DIA SOMBRIO ==============

Dia sombrio aquele. De um frio glacial como nunca sentira antes. Sem conseguir afugentar o sono, as idéias permaneciam confusas. Obstinado feito um zumbi...
Ao chegar a redação do jornal estranhou não haver ninguém. Será que...!? O porteiro nem notara sua entrada. Acenou, todavia, o indivíduo deu-lhe as costas. Pasmo quis contestar mas não obteve êxito, ante o peso enorme das palavras.
"Darei o troco nele, quando vier me pedir favores..." - Conhecia o tipo. - "Oh, chefia, quebra meu galho! Não tem aí um qualquer?"
Nem viv'alma, além daquela solidão infinita. Melhor assim... Mostraria ao Editor ser capaz de produzir também grandes matérias. Há semanas investigava um furo de reportagem, que abalaria a política local.
Pôs os olhos no vazio em busca daquele parágrafo inicial. Por alguma razão detivera-se melancólico no porta-retrato com a mulher e os filhos. Instintivamente estendeu a mão para apanhar uma caneta, porém espantou-se que não consegui-se pegá-la. Nova tentativa... Estremeceu!
Só então reparou num jornal sobre a escrivaninha, entreaberto na página do obituário. Etéreo esvaiu-se abstraído naquela vertigem. Numa das notas de falecimento estava escrito seu nome.

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